Título: Câmara caminha para candidatura única
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 18/01/2011, O País, p. 10
Marco Maia fecha esta semana acordos com os principais partidos. PR faz hoje jantar em homenagem ao petista
BRASÍLIA. Após a interferência direta da presidente Dilma Rousseff, que enquadrou os aliados e cobrou apoio, o deputado petista Marco Maia (RS) deve fechar esta semana acordos com os principais partidos para que sua candidatura à presidência da Câmara seja a única da base aliada e da oposição. A ofensiva palaciana já retirou do páreo os pré-candidatos do PCdoB, Aldo Rebelo (SP); do PSB, Júlio Delgado (MG); e do PTB, Silvio Costa (PE). Mas o atual líder do PR, Sandro Mabel (GO), ainda resiste. Seu partido, porém, fez questão de deixar claro o apoio a Maia e, para isso, faz hoje jantar em homenagem ao petista.
Mabel afirmou que avisou aos dirigentes do PR que não participará do jantar, porque não descarta ainda sair candidato avulso contra Maia.
- Eu continuo conversando com os deputados, seria falso participar de uma homenagem à candidatura do Marco Maia. O partido está certíssimo em negociar, tem que compor a Mesa Diretora. Mas estou consultando os deputados porque tenho sentido um ruído ruim com o fato da candidatura única, vinculada ao Executivo - disse Mabel.
"O Executivo deveria ficar fora dessa disputa"
Nos bastidores, comenta-se que Mabel sentiu que poderia perder, na bancada, a disputa para manter-se como líder. Ele recebeu telefonemas do ministro dos Transportes e presidente do PR, Alfredo Nascimento, e de outros integrantes do PR com apelos para desistir da ideia. Foi avisado de que a insistência em manter a possibilidade de candidatura avulsa poderia custar-lhe a liderança.
- Eu não vou disputar a liderança. Mas ainda não estou conformado com o Legislativo nessa construção. O Executivo deveria ficar fora dessa disputa. Sou da base tanto quanto o Marco é. E vou ajudar a Dilma. Que eleição é essa em que não se discute o papel do Legislativo? - afirmou Mabel.
Semana passada, o PTB também ameaçou lançar a candidatura do deputado Silvio Costa (PE), caso não tivesse respeitado seu espaço na Câmara. Silvio contou que conversou com o vice-presidente Michel Temer (PMDB), e convenceu-se de que o melhor seria a unidade em torno de Maia. PTB e PDT brigam por um cargo de titular na Mesa Diretora e pela presidência da Comissão do Trabalho.
Ontem, Maia esteve no Ceará e em Pernambuco, governados pelo PSB, e onde recebeu o apoio da sigla ao seu nome. Na semana passada, ele recebeu o apoio formal do PMDB e do PP. Até PSDB e DEM já apoiam sua candidatura, ainda que informalmente.