Título: Sem-terra fazem mais invasões em São Paulo durante o janeiro quente
Autor: Pedrini, João Alberto
Fonte: O Globo, 18/01/2011, O País, p. 11

Grupo de Rainha diz já ter ocupado 38 fazendas; PM e ruralistas contestam

PRESIDENTE PRUDENTE (SP) e SÃO PAULO. Com três novas ações ocorridas entre a noite de domingo e a manhã de ontem, chegou a 38 o número de fazendas invadidas ou demarcadas com acampamentos pela ala do Movimento dos Sem Terra (MST) liderada por José Rainha Júnior, no oeste do Estado de São Paulo. O grupo de Rainha diz contabilizar sete invasões no Pontal do Paranapanema, 14 na Alta Paulista e 17 na região de Araçatuba, como parte do chamado "janeiro quente". Cerca de cinco mil pessoas participariam das invasões na região.

A Polícia Militar não informa oficialmente a quantidade de áreas invadidas, mas reconhece que "algumas fazendas foram ocupadas" e confirma que não foram registrados conflitos.

O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, desmente a quantidade de propriedades invadidas:

- Não é esse número que divulgam. Eles (sem-terra) inflam para ganhar força na mídia. Em diversos casos, fiquei sabendo de propriedade que teria sido invadida, liguei para o proprietário, que desmentiu.

Em resposta, Rainha afirmou que a quantidade de propriedades rurais informada pelos movimentos engloba tanto áreas invadidas como acampamentos montados em frente às fazendas.

A Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) afirmou que o estado está cumprindo seu papel na reforma agrária, mas que a ação de desapropriar terras é do governo federal, argumentando que é uma "obrigação constitucional". Manifestou ainda que, durante a gestão do PT, foi suspensa a parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para a realização de vistoria de imóveis e assistência técnica nos assentamentos federais.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), manifestou preocupação com a onda de invasões comandada pelo MST no interior do estado. Num recado direto aos sem-terra, Alckmin disse que o governo de São Paulo "não vai tolerar" invasão de propriedade.

- A invasão é um desserviço à reforma agrária, porque a boa bandeira da reforma fica maculada pelas invasões de propriedade, que causam uma enorme insegurança no campo - disse ele, durante a abertura de feira do setor de calçados e couro em São Paulo.