Título: UDR critica o governo e os sem-terra
Autor: Pedrini, João Alberto
Fonte: O Globo, 17/01/2011, O País, p. 5

Ruralistas dizem que movimento mente sobre ocupações

O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, questionou o número de propriedades que teriam sido invadidas pelos sem-terra:

- Liguei para vários associados, donos de terras onde os movimentos anunciaram a invasão. Muitos desmentiram qualquer ocupação. Os sem-terra mentem. Esse número de invasões não é real. É para fazer drama - garante Nabhan.

Ele criticou também a postura do Estado e afirmou haver uma "inversão de valores" nos processos de ações discriminatórias e reivindicatórias:

- O governo está agindo pior que os sem-terra - afirma ele, que já havia criticado o movimento feito pela Secretaria estadual de Justiça que, na última semana, teve um encontro com lideranças dos sem-terra para discutir os processos no estado.

Lista de ocupações em São Paulo é extensa

Um acampamento com cerca de mil pessoas foi montado na rodovia de acesso à usina Alcídia, pertencente à empresa ETH Bioenergia, da Organização Odebrecht, em Teodoro Sampaio. O local é destinado à produção de etanol. Ontem, pouco antes das 8h, um grupo invadiu a Fazenda Guarani, em Presidente Bernardes, cujos trabalhadores foram obrigados a parar de trabalhar quando chegou o comboio de carros e motocicletas. Militantes informaram que a fazenda tem cerca de 500 hectares e já foi considerada devoluta pela Justiça.

Entre as propriedades rurais ocupadas até o momento estão a Oito e Meio e Guarani, em Presidente Bernardes; Guiomar, em Panorama; Três Cinos, em Caiuá; Santo Antônio, em Presidente Epitácio; Bela Vista, em Emilianópolis; Carú e Paulicéia, em Rinópolis; São Benedito, em Iepê; Santa Elza, em Tupã; Santa Barba, em Queiroz; Carregos da Cruz e Santa Fátima, em Santo Antônio do Aracanguá; Portuguesa, em Vicentinópolis; Santa Cecília e Rosa Branca, em Araçatuba; Santo Antônio e São Bento, em Bilac; Guararema, em Gabriel Monteiro; Córrego Azul, em Guararapes; Aroeira, em Brejo Alegre; e Geada, em Agudos.

Além do MST, estão mobilizados trabalhadores do Movimento dos Agricultores Sem-Terra (Mast), do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST), do Unidos pela Terra (Uniterra) e da Federação dos Empregados Rurais Assalariados de São Paulo (Feraesp), que conta com o apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e de sindicatos de trabalhadores rurais da região.