Título: Esperamos em breve nos reunir com a presidente
Autor: Pedrini, João Alberto
Fonte: O Globo, 17/01/2011, O País, p. 5

PRESIDENTE PRUDENTE (SP). Em meio às invasões, o líder da ala dissidente do MST, José Rainha Júnior, mostrou ontem que a série de ocupações nos últimos dias no Pontal do Paranapena serve também de pressão contra o governo paulista de Geraldo Alckmin (PSDB). Mostrando simpatia ao governo de Dilma Rousseff, Rainha disse que está pronto para colocar um exército de sem terras para participar de invasões programadas para as próximas semanas.

Quantas famílias estão envolvidas nas invasões?

JOSÉ RAINHA JÚNIOR: São cerca de cinco mil famílias, e pretendemos montar um enorme acampamento em Teodoro Sampaio com cerca de mil pessoas. É o centro da uma extensa área considerada pública recentemente pelo Superior Tribunal de Justiça. Vamos ficar lá e aguardar que o governador (Geraldo Alckmin, do PSDB) providencie os acordos com os fazendeiros o mais rápido possível.

Como deve ser a relação dessa ala dissidente do MST com o novo governo federal?

RAINHA: Nossa posição é de dar credibilidade a este governo, por toda sua história de militância e simpatia aos nossos anseios. Já enviamos uma pauta de reivindicação e esperamos em breve nos reunir com a presidente e com o ministro (Afonso Bandeira Florence, Desenvolvimento Agrário) para discutir alguns pontos da reforma agrária. Agora, o nosso maior problema, é o governo do estado.

Por que?

RAINHA: Porque o PSDB nunca teve uma história de atuação junto aos movimentos sociais. Não faz "muita força" para resolver a questão da reforma agrária no Estado. É preciso deixar as diferenças políticas de lado e procurar o governo federal para agilizar a destinação de terras para famílias.

Na sua opinião, o governo paulista deve reforçar parcerias com o governo federal na área de reforma agrária a fim de evitar novas invasões?

RAINHA: Exatamente. O governo estadual deve estabelecer um convênio com o federal para tratar de investimentos na área. O Estado não tem orçamento para isso. Não tem dinheiro. Alckmin deve entrar num entendimento com Dilma para fazer uma parceria e "acertar" o assentamento de famílias. O problema é que o governo tucano nunca teve compromisso com a reforma agrária. Só se preocupa em instalar presídio e pedágio aqui na região (oeste de SP).