Título: Reconstrução custará pelo menos R$2 bilhões
Autor: Merola, Ediane; Araujo, Isabel de
Fonte: O Globo, 17/01/2011, Rio, p. 10

Recursos serão usados para refazer pontes, estradas e moradias para desabrigados nas três principais cidades

A reconstrução das três principais cidades da Região Serrana atingidas pelas chuvas da semana passada custará cerca de R$2 bilhões. Os recursos serão usados na recuperação de estradas, pontes, rios, contenção de encostas e construção de cinco mil unidades habitacionais para as famílias que perderam suas casas ou que precisam sair das áreas de risco em Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. Hoje, os prefeitos dessas cidades formalizam a criação de um consórcio para atuar em conjunto na confecção de projetos, captação de recursos e realização das obras.

Ontem, o governador Sérgio Cabral decretou estado de calamidade pública nesses municípios e em outros quatro, também atingidos pelas chuvas: Bom Jardim, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro e Areal. Com o decreto, prefeituras, estado e governo federal agilizam a liberação de recursos e o início dos trabalhos com a dispensa de licitação para a compra de material ou contratação de serviços. O decreto estadual permite ainda que os moradores de áreas que foram destruídas possam sacar até R$4.650 do FGTS.

Em Friburgo, prejuízo de mais de R$1 bi

Em Friburgo, a prefeitura ainda calcula o prejuízo, mas já se sabe que ele será superior a R$1 bilhão. O secretário municipal de Comunicação, David Massena, explicou que será necessário construir três mil unidades habitacionais para os desabrigados. Para isso, a prefeitura desapropriou a Fazenda Laje, localizada no caminho para Conselheiro Paulino. Massena acrescentou que o valor total da reconstrução vai levar em conta obras em imóveis do patrimônio cultural da cidade.

- Será mais de R$1 bilhão. Tivemos perdas importantes, como a Capela de Santo Antônio, construída nos século 19. O imóvel era tombado e foi totalmente destruído. A capela era um símbolo da cidade por sua importância histórica. Para esse projeto, ainda não sabemos de quanto dinheiro vamos precisar.

Em Teresópolis, 960 novas moradias serão feitas

O secretário de Planejamento e Projetos Especiais de Teresópolis, José Alexandre Almeida, afirmou que o município já tinha apresentado projetos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2 para a construção de 460 unidades, que vão abrigar famílias que hoje moram em áreas com altíssimo risco de acidentes. Ele diz que agora serão necessárias mais 500 unidades para atender os moradores que viviam em áreas sem risco, mas que foram destruídas pela enxurrada. O problema é que a cidade tem apenas cerca de 10% de área plana. No fim de semana, técnicos da prefeitura se reuniram para identificar terrenos que podem ser desapropriados:

- Para erguer essas 500 casas, precisamos de uma área de 300 mil metros quadrados. Como temos um terreno próximo com essa magnitude, estamos fracionando o número de casas por área. Já identificamos algumas onde conseguiremos construir 150 casas, em outro mais 40. Essa é a solução que estamos encontrando para abrigar as famílias.

Além dos projetos de habitação popular, a prefeitura estima um gasto de R$590 milhões para recuperar toda a cidade. Os projetos foram apresentados pelo prefeito Mauro Jorge à presidente Dilma Rousseff na semana passada, durante a reunião no Palácio Guanabara com o governador Sérgio Cabral.

De acordo com o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, que tem sobrevoado a região diariamente, somente para recuperar os principais rios da região, que precisarão ser dragados e ganhar novas pontes, a estimava inicial é de um gasto de R$190 milhões. A secretaria trabalha também ajudando a identificar áreas planas para a construção de casas populares. Esta semana, o órgão vai utilizar R$5 milhões do Fecam para ajudar na compra de residências ou mesmo no pagamento de aluguel para famílias que estão em áreas de risco.

- Em Teresópolis, identificamos uma área no segundo distrito que dá para construir duas mil casas. Em Petrópolis e Friburgo, há outra área para 400 residências - disse Minc.

A prefeitura de Petrópolis também contabiliza as perdas. Segundo o município, serão necessárias 1,5 mil casas para os desabrigados, e ainda não há um cálculo estimado do valor total para reconstruir as áreas atingidas. As unidades habitacionais não poderão ser erguidas no centro da cidade, onde faltam áreas planas. Mas os técnicos da prefeitura têm identificadas áreas nos distritos de Nogueira, Itaipava e Posse, onde está sendo construído o parque industrial do município.