Título: Líder chinês diz que sistema cambial internacional é coisa do passado
Autor: Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 17/01/2011, Economia, p. 24

Hu Jintao afirma que política monetária dos EUA afeta a liquidez global

WASHINGTON. Às vésperas de uma reunião de cúpula nos EUA, o presidente da China, Hu Jintao, classificou como "coisa do passado" o sistema cambial internacional, que é dominado pelo dólar americano. Em uma entrevista por escrito aos jornais "Washington Post" e "Wall Street Journal", Hu ressalvou, porém, que será um "processo razoavelmente longo" transformar o yuan numa moeda internacional. Ele também disse que "a liquidez do dólar deve ser mantida em um nível razoável e estável".

O presidente chinês, que vai se reunir com seu colega americano, Barack Obama, esta semana, discordou dos argumentos dos EUA, de que permitir a valorização do yuan frente ao dólar ajudaria o governo chinês a controlar a inflação. Hu disse que Pequim está combatendo a inflação por meio de um pacote de medidas, que incluem a elevação da taxa básica de juros. Ele acrescentou que o aumento de preços "dificilmente pode ser o principal fator para determinar a política cambial" e que o custo de vida está num patamar geral "moderado e controlável".

Visita aos EUA ocorrerá em meio a críticas de americanos

Na semana passada, o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, disse que os preços estão subindo mais rapidamente na China do que nos EUA, o que torna os bens chineses menos competitivos. Ele disse que embora o yuan esteja substancialmente desvalorizado, as "forças fundamentais que estão sustentando o crescimento da produtividade chinesa e também pressionando a inflação vão acabar por impor o necessário ajuste na taxa de câmbio".

Os EUA alegam que um yuan desvalorizado prejudica a indústria americana e amplia o déficit comercial do país, mantendo artificialmente baixos os preços das exportações chinesas. Na sexta-feira, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, pediu à China que deixe sua moeda se apreciar mais rapidamente:

- Cabe às duas nações transformar em ação as promessas de alto nível das cúpulas e das visitas de Estado. Ação real, sobre questões reais.

Na entrevista aos jornais americanos, Hu afirmou que, embora "existam diferenças e temas sensíveis" entre os dois países, "ambos temos a ganhar com uma boa relação China-EUA, e muito a perder num confronto". O presidente chinês também fez uma referência indireta à política do banco central americano de injetar US$600 bilhões no mercado para estimular a economia. Segundo Hu, a política monetária dos EUA tem um impacto "imenso" na liquidez global.

Ontem, Han Zheng, prefeito de Xangai, maior centro financeiro da China, anunciou que a cidade irá adotar, ainda este ano, um imposto sobre propriedade. Assim, Xangai será uma das primeiras cidades chinesas a adotar este tipo de imposto, cujo objetivo é evitar bolhas no mercado imobiliário.

(*) Com agências internacionais