Título: Funasa: primeiro alvo de mudança na gestão
Autor: Camarotti , Gerson
Fonte: O Globo, 20/01/2011, O País, p. 10

BRASÍLIA. Órgão público que sempre esteve na mira dos partidos para loteamento político e com várias investigações em curso sobre desvio de recursos, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) será o primeiro alvo do esforço de melhoria de gestão do governo Dilma Rousseff. Saúde e educação foram eleitas como áreas prioritárias para se estabelecer um novo modelo de gestão. Para tratar da reestruturação na Funasa foi realizada ontem a primeira reunião entre integrantes do Ministério da Saúde e do Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG), que tem o empresário Jorge Gerdau como um de seus idealizadores.

Acelerar a execução de obras de saneamento do PAC que estão sob responsabilidade da Funasa é um dos objetivos imediatos dentro do novo modelo de gestão. Reduzir possibilidade de fraudes e de desvios de recursos, principalmente na área de compra e aquisição de medicamentos, é outro desafio.

Parceria acertada nos primeiros dias de governo

A parceria foi acertada pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e Gerdau nos primeiros dias de governo, por determinação da presidente Dilma Rousseff. Na primeira reunião ministerial, semana passada, Dilma reafirmou o compromisso com melhoria de gestão do governo e confirmou a criação do Conselho de Gestão Competitiva, que terá Gerdau como um de seus executivos.

Na reunião de ontem entre técnicos do INDG e o ministro Padilha ficou acertado que no prazo de um mês será entregue um plano de gestão e modernização administrativa da Funasa. Segundo o próprio Padilha, é preciso acelerar as obras de saneamento pelo PAC, que representam 94% das ações da Funasa. Em valores totais, o investimento em saneamento pela Funasa soma R$1 bilhão.

O ministro Padilha explicou que a parceria com o instituto de Gerdau será também em outras três áreas do Ministério da Saúde: na Diretoria Logística, para compra e aquisição de medicamentos, insumos e equipamentos, com o objetivo de acelerar os processos e reduzir custos; na Anvisa, para a redução de prazo e registro de medicamentos, outros produtos e equipamentos; além de manter a consultoria nos hospitais federais do Rio de Janeiro para implementar um modelo de governança e de melhoria no atendimento ao público.

- A equipe enviada por Jorge Gerdau fará primeiro uma proposta de diagnóstico e na sequência um plano de gerenciamento. Temos que ter metas claras e estabelecer o acompanhamento e o monitoramento das ações de governo. Estamos estabelecendo um novo modelo de governança - disse Padilha.

O próprio ministro da Saúde admitiu que é preciso agilizar as ações da Funasa, principalmente de projetos considerados prioritários. Segundo ele, nas três primeiras semanas deste ano foi possível fazer o pagamento de R$79 milhões em contratos de obras de saneamento. Isso representou 12% de toda a execução orçamentária da Funasa no ano passado, que foi de R$600 milhões.

Para Padilha, a qualidade de gestão tem que ser aperfeiçoada para o PAC II, que tem como carro-chefe o Minha Casa Minha Vida, já que as obras estão vinculadas ao programa de erradicação da pobreza extrema, prioridade de Dilma.