Título: Redes de solidariedade pelas vítimas unem os dois lados do Atlântico
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 21/01/2011, Rio, p. 11

Suíça, terra dos imigrantes que fundaram Friburgo, promete ajuda financeira

A corrente de solidariedade formada após as enchentes na Região Serrana do Rio, atravessou o Atlântico e chegou à Suíça, mais precisamente à região de Fribourg, terra de origem da maior parte dos imigrantes que fundaram Nova Friburgo no século XIX. Como divulgou a BBC Brasil, as prefeituras de Friburgo e de Fribourg, o estado de Fribourg, a Associação Fribourg-Nova Friburgo e a organização Cáritas Suíça ¿ ligada à Igreja Católica ¿ se comprometeram a ajudar as vítimas da tragédia.

A verba inicialmente investida seria de 180 mil francos suíços (R$315 mil). A prefeitura de Fribourg prometeu doar 30 mil francos suíços (R$52 mil), enquanto o estado de Fribourg anunciou a doação de 100 mil francos suíços (R$175 mil). Os suíços querem que o valor seja destinado à reconstrução de hospitais e escolas e à prevenção de novas catástrofes. Já a Cáritas Suíça ajudaria com o envio de gêneros de primeira necessidade. A organização prometeu uma contribuição de 50 mil francos (R$88 mil).

¿ Eles (os suíços) têm uma relação fraternal conosco. Afinal, há descendentes deles aqui que estão desabrigados ou, na melhor da hipóteses, sofrendo de perto com toda essa tragédia¿ disse Bráulio Rezende, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Friburgo.

ONG espanhola usa cães farejadores nas buscas

Funcionário de um cassino em Póvoa do Varzim, Portugal, o crupiê Paulo Leite integra uma equipe de sete membros da ONG K-9 de Creixell (cidade espanhola na Catalunha), que percorre o mundo com cães farejadores para ajudar em resgates. O grupo escalado para atuar na Região Serrana já passou por Teresópolis e ontem chegou a Nova Friburgo. A equipe tem sete pessoas: três brasileiros, três espanhóis e um português.

Parte se concentrou ontem na localização de vítimas de um deslizamento que destruiu uma fazenda nas imediações do bairro Campo do Coelho.

¿ Em Teresópolis, nós localizamos 30 corpos. Sabemos que os brasileiros estão chocados e evito comparações com outras tragédias. Mas já enfrentei situações ainda mais dramáticas. No Haiti, estava em uma equipe que encontrou 200 crianças mortas em uma escola ¿ disse Paulo Leite.

Assim que souberam dos primeiros sinais da tragédia na Região Serrana, as sócias Titina Cícero e Nora Duarte, donas de uma pousada em Lumiar, não pensaram duas vezes: partiram para Nova Friburgo com o objetivo de ajudar os moradores. Há dez dias, as duas trabalham sem descanso no auxílio aos desabrigados e às famílias que estão isoladas. Titina, que é chef de cozinha, passa cerca de doze horas por dia entre panelas no Ciep Licínio Teixeira, no bairro de Olaria, coordenando a preparação do cardápio indicado por nutricionistas da prefeitura. Lá, estão mais de cem pessoas que perderam tudo na enxurrada.

¿ O momento é de ajudar e não tenho data para ir embora ¿ diz Titina, que ontem à tarde ajudava a fazer o jantar: legumes ao creme branco, frango acebolado, feijão carioca, arroz e salada mista. ¿ Eu nunca fui tão bem remunerada. Tenho que agradecer por poder ajudar.