Título: A hora da reconstrução
Autor: Motta , Cláudio
Fonte: O Globo, 24/01/2011, Rio, p. 9

Pouco mais de uma semana após a tragédia que atingiu a Região Serrana, o governo estadual e as prefeituras locais começam a articular o processo de recuperação das cidades afetadas. Ontem, o vice-governador Luiz Fernando Pezão anunciou que está se reunindo com autoridades e representantes da sociedade civil de Friburgo, Teresópolis e Petrópolis para a elaboração de novos planos diretores, que devem mudar a cara dos municípios. Já o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Julio Bueno, disse que esta semana começam a ser instaladas agências de fomento nas cidades, para agilizar empréstimos aos empresários e estimular a reconstrução da indústria, do comércio e da agricultura. Até agora, o desastre de 12 de janeiro já deixou 809 mortos e 469 desaparecidos.

Pezão afirmou que pretende apressar ao máximo a elaboração dos novos planos diretores. O vice-governador já põe a ideia em prática em Friburgo, onde esteve ontem ouvindo funcionários da prefeitura, ex-secretários, representantes de construturas locais, engenheiros e geólogos:

- Uma das coisas que mais ouvi foi fazer uma estrada de contorno para evitar que caminhões entrem na cidade - disse ele, acrescentando que pelo menos quatro mil casas devem ser retiradas de áreas de risco em Friburgo.

Friburgo busca áreas a serem ocupadas

Segundo o secretário de Obras de Friburgo, Hélio Gonçalves, o debate do plano diretor já gira em torno das novas áreas a serem ocupadas. Há a possibilidade de desapropriação da Fazenda da Laje, em Conselheiro Paulino, na qual seriam construídas unidades habitacionais. Segundo ele, casas terão de ser retiradas em bairros como Califórnia e Rui Sangará. Também há chance de se fazer um calçadão ao longo da Avenida Roberto Silveira, além do alargamento da Avenida Brasil. As agências de fomento para auxiliar na recuperação da economia da Região Serrana serão instaladas em sete cidades. Segundo o secretário Julio Bueno, o estado coordenará os empréstimos e liberará, nessas agências, parte dos R$400 milhões anunciados semana passada pelo BNDES para as empresas prejudicadas pelas chuvas. O dinheiro, de acordo com ele, servirá para que os empresários comprem, por exemplo, novas máquinas e matéria-prima para a produção.

- Esta semana vai marcar o início da reconstrução econômica da região. Entre as ações imediatas, também discutiremos, além do prolongamento dos prazos para pagamento de impostos, a possibilidade de parcelar a dívida. E estimularemos empresas compradoras do Rio, como os supermercados, a adquirirem mais produtos da Região Serrana - diz Bueno.