Título: Secretaria de Assuntos Estratégicos deve ganhar mais peso no governo
Autor: Oswald , Vivian
Fonte: O Globo, 24/01/2011, Economia, p. 18

BRASÍLIA. A Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), assumida pelo ex-governador do Rio Wellington Moreira Franco, promete ter um papel crucial nos projetos do governo para a erradicação da pobreza, uma das prioridades da presidente Dilma Rousseff. Não é à toa que o novo ministro já designou como subsecretário de Assuntos Estratégicos o economista Ricardo Paes de Barros, um dos maiores especialistas em políticas sociais do Brasil. A indicação é mais um sinal de que a SAE vai ganhar força e se tornar mais relevante na formulação das grandes linhas das políticas da nova administração, como prometera a equipe de transição quando convidou Moreira Franco para o cargo.

A ideia é que a SAE ganhe maior presença no debate econômico nacional e tenha em sua alçada projetos importantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), entre eles os de saneamento. Ainda não está claro o que vai acontecer com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão vinculado à SAE que rendeu polêmicas na Era Lula. Mas a intenção é aumentar o apoio político a este que é considerado um dos quadros mais preparados do governo. Nos últimos anos, o Ipea perdeu importância.

O atual subsecretário de Desenvolvimento Sustentável, Alberto Lourenço Pereira, fica onde está. A diferença é que o ex-ministro da SAE Roberto Mangabeira Unger - que esteve no comando da secretaria de outubro de 2007 a junho de 2009 - volta para ser consultor da área, que terá foco em programas para três regiões-chave do país: Amazônia, Centro-Oeste e Nordeste. A princípio, Mangabeira, que é professor da Universidade de Harvard, não teria cargo nem salário.

Projetos já virão com modelos de financiamento propostos

O objetivo é que a SAE, que ganhou um ministro político, a partir de agora tenha um papel mais ativo e realize projetos mais concretos. Os planos desenvolvidos na casa terão mais foco, objetivos claros e metas definidas, assim como compromisso de prazos.

- Temos de entender que temos de ter terminalidade nas propostas que a secretaria apresentará à presidenta, já que ela tem quatro anos para apresentar os resultados do nosso trabalho ao povo brasileiro - afirmou o ministro Moreira Franco em seu discurso de posse.

No fim do ano passado, em uma roda de amigos pouco antes do réveillon, Moreira Franco afirmou que tinha pressa:

- Os planos do Mangabeira são para 20 anos, os meus são para já - disse.

Outra novidade da SAE é que seus projetos serão acompanhados de perto e já virão com propostas de modelagem de financiamento, tendo em vista as restrições do Orçamento.

Saneamento, educação, saúde e defesa entre desafios

Ainda no discurso de posse, Moreira Franco relembrou a fala da presidente Dilma e apontou desafios do governo e da secretaria:

- Nós temos muitos desafios, como a presidenta Dilma apontou no discurso de posse: a erradicação da miséria e colocar o Brasil como quinta economia do mundo. Isso nos coloca desafios nas áreas de saneamento, educação, saúde, defesa, já que queremos ser a quinta economia do mundo.

A SAE foi criada em 2008 para acomodar o filósofo Mangabeira Unger, então no PRB, partido do ex-vice-presidente José Alencar. Ele conseguiu levar para a pasta o Plano Amazônia Sustentável, que estava sob o guarda-chuva da então ministra do Meio Ambiente Marina Silva, que algum tempo depois pediu demissão do cargo.

Mangabeira também conseguiu levar para a secretaria o Ipea, que estava vinculado ao Ministério do Planejamento.

Antes de se chamar SAE, o órgão teve o nome de Núcleo de Assuntos Estratégicos e posteriormente foi apelidada de "Sealopra", por tratar-se de secretaria para ações de longo prazo.