Título: G-20 discute guerra cambial
Autor: Beck, Martha ; Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 22/01/2011, Economia, p. 25

O presidente Nicolas Sarkozy apresenta na segunda-feira à imprensa a agenda que vai guiar o comando francês este ano dos dois mais influentes grupos de decisão mundial: o G-20, que reúne as principais economias do planeta, incluindo emergentes, e o G-8, dos países ricos. Dois assuntos estarão no topo: a guerra cambial e a contínua alta dos preços das commodities.

A França, que assumiu a presidência dos dois grupos em novembro, se reunirá nos dias 18 e 19 de fevereiro com ministros da Economia e presidentes dos bancos centrais do G-20. Em encontro com Barack Obama em Washington, este mês, Sarkozy disse que os dois países buscarão uma proposta conjunta "para reduzir os desequilíbrios mundiais".

O câmbio também domina as reuniões preparatórias do G-20. Numa reunião técnica de associados do grupo, na segunda-feira, será discutida a escolha de indicadores para medir a situação de cada um dos países do bloco e o impacto da guerra cambial. Não seriam números - estes já são compilados por organismos como o FMI. A ideia é buscar índices que mostrem a evolução das economias de forma harmonizada. Os parâmetros devem ficar prontos até o fim do ano. Para o professor de economia da PUC-SP Antônio Corrêa de Lacerda, isso é importante, mas não basta:

- A guerra cambial está instalada e é liderada por EUA e China. É preciso urgentemente definir medidas que possam reverter esse quadro, que provoca desindustrialização e deterioração das contas externas no Brasil.

Após a reunião dos representantes de cada país no dia 24, Sarkozy falará à imprensa sobre os pontos importantes da agenda. Um deles será a própria consolidação do G-20 em um contexto sem crise. Para países de fora, o bloco pode ser apenas um G-8 ampliado. Mas, para Lacerda, só o G-20 pode orientar a conduta mundial na área cambial:

- O FMI tem mandato para tratar de câmbio, mas não o faz. A OMC não tem mandato para tratar do tema. Nesse vácuo, entra o G-20. Lá os países podem fazer um pacto para influenciar o FMI, por exemplo.