Título: Após 2º leilão do BC no mercado futuro, dolár sobe 0,05%
Autor: Beck, Martha ; Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 22/01/2011, Economia, p. 25

O Banco Central fez ontem um segundo leilão de swap cambial reverso - operação que equivale a uma compra futura de dólares - em uma semana e anunciou que adotará mais uma vez a estratégia na segunda-feira. Na operação de ontem, foram vendidos US$989,5 milhões ao mercado - quantia quase igual aos US$987,8 milhões da semana passada. E, na segunda-feira que vem, será oferecido mais US$1 bilhão. Com isso, o BC terá lançado mão de quase US$3 bilhões nas intervenções no mercado futuro. Ontem, a moeda americana chegou a cair 0,17% durante o dia, mas acabou fechando em leve alta, de 0,05%, a R$1,673.

Analistas dizem que, até agora, o efeito das operações do BC foi o de reduzir a volatilidade do dólar e amortecer o impacto dos fatores que pressionam o real para cima, como a elevação da taxa básica de juros da economia e as emissões de empresas brasileiras no exterior.

- Os leilões de swap cambial reverso do BC têm conseguido reduzir a volatilidade do dólar, mas não está claro se o intuito é só esse ou se o BC quer mudar o patamar do câmbio. Isso vai depender de qual será a frequência e o volume dos leilões daqui para a frente - diz o sócio da Oren Investimentos Jacob Weintraub.

Além do capital especulativo em busca de juros altos e das emissões de companhias no exterior, o gestor de renda fixa da Leme Investimentos, Paulo Fernando Petrassi, citou como fatores de valorização do real a previsão de muitas aberturas de capital de empresas no ano e os investimentos de multinacionais no Brasil.

- Mesmo com os leilões à vista e os de swap cambial reverso, a tendência é que o dólar permaneça onde está. Nossa previsão é de algo em torno de R$1,65 no fim do ano.

Emissões de empresa no exterior já somam US$10 bilhões este ano

Petrassi defende que a realização dos leilões de swap cambial reverso é uma decisão correta do Banco Central e que, se não fossem as medidas tomadas até agora, talvez o dólar já estivesse em R$1,50.

- Essas atuações amortecem o impacto de um fluxo muito grande de dólares, mas não mudam a tendência. As emissões de empresas lá fora já passam de US$10 bilhões este ano, sendo US$6 bilhões só da Petrobras - afirma o analista de câmbio da BGC Liquidez Mario Paiva.

Ele acredita que, diante da "enxurrada de dólares" que está chegando ao país, o Banco Central vai continuar atuando com leilões de swap cambial reverso, "em doses coerentes com o fluxo da moeda".

O terceiro leilão de swap cambial reverso este ano - depois de um período de quase dois anos em que o Banco Central não recorreu ao instrumento - será na próxima segunda-feira. Serão 20 mil contratos, que somam US$1 bilhão.

De acordo com a autoridade monetária, apesar de o volume ser o mesmo das vendas anteriores, foram concentrados mais papéis com vencimento longo. Agora serão oferecidos 12 mil contratos com vencimento em 2 de fevereiro de 2012, outros 6 mil terão vencimento em 1º de julho de 2011 e mais dois mil com vencimento em 1º de abril próximo.