Título: Governo confirma vinda de Obama em março
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 26/01/2011, O País, p. 10

"Em política internacional não dá para ficar de mal", diz Marco Aurélio Garcia, sobre relação entre Brasil e EUA

BRASÍLIA. O assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, confirmou ontem que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, virá ao Brasil em março. Garcia, no entanto, afirmou não saber ainda se a vinda de Obama ao país significa uma mudança na agenda da presidente Dilma Rousseff, que anteriormente havia programado uma visita a Washington também no mês que vem.

- O que sei é que a presidente Dilma vai aos EUA este ano, conforme prometeu - disse ele.

Segundo Garcia, o encontro entre Dilma e Obama será uma oportunidade para retomar o diálogo e promover uma reaproximação. Ele afirmou que, para os EUA, o Brasil é um país estratégico na região e, portanto, desperta forte interesse do governo americano.

Perguntado se as relações entre Brasil e EUA não estariam arranhadas, devido à não aceitação, pelas autoridades americanas, da proposta de acordo elaborada pelo Irã com a ajuda dos governos brasileiro e turco, Garcia respondeu:

- Em política internacional não dá para ficar de mal.

A agenda é variada e abrange temas estratégicos, como o interesse dos EUA em vender aeronaves à Força Aérea Brasileira (FAB), informou um alto funcionário da diplomacia brasileira. Os americanos disputam com França e Suécia.

Dilma e Obama também devem conversar sobre a proposta da França no sentido de se impor algum tipo de regulação aos preços internacionais das commodities. Brasil e EUA são os maiores exportadores mundiais desses produtos, cotados em bolsas internacionais, e devem se aliar. Os dois falarão, ainda, sobre o avanço da China nos mercados e a guerra cambial.

Ainda de acordo com essas fontes, Obama e Dilma deverão trocar ideias sobre a situação política na América do Sul, a possibilidade de um acordo de paz duradoura no Oriente Médio e a retomada de programas bilaterais estratégicos, como o uso de fontes renováveis de energia, com destaque para o etanol. Também existe a expectativa de que o líder americano se pronuncie a respeito da candidatura do Brasil a uma vaga permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.