Título: Governistas não chegam a acordo sobre comissões
Autor: Vasconcelos, Adriana ; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 30/01/2011, O País, p. 11
PMDB defende divisão de vagas por partidos e PT quer por blocos
Na nova configuração de comando no Senado, a base governista ainda não conseguiu chegar a um acordo sobre o critério que será usado para a divisão das comissões permanentes da Casa, cargos tão importantes como os da Mesa diretora. Enquanto o PMDB, com a maior bancada da Casa, defende que seja respeitada a proporcionalidade dos partidos, os petistas querem que seja seguida a proporcionalidade dos blocos partidários. Isso porque o PT pretende fechar um bloco com PSB, PR, PRB, PCdoB e PDT, que reuniria 30 senadores.
O bloco do PT obrigaria o PMDB a se unir ao PP e ao PTB. O impasse se deve à disputa pelo comando da Comissão de Infraestrutura, responsável pela análise das indicações para a composição das agências reguladoras e acompanhamento das obras do PAC. Os petistas argumentam que, se prevalecer o critério da proporcionalidade dos partidos, a vaga poderá acabar nas mãos do PSDB, que tem a terceira maior bancada.
Para evitar um conflito aberto com o PMDB, o líder do PT, senador Humberto Costa (PE), adiantou que o partido está disposto a deixar para os peemedebistas o comando do Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), uma prioridade para os aliados, independentemente deles fecharem um bloco ou não. O PMDB planeja eleger o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) para a presidência da CCJ. Os petistas querem o controle da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
PT vai dividir mandatos para acabar com disputas
Como a presidência da CAE está sendo pleiteada por dois senadores, Eduardo Suplicy (SP) e Delcídio Amaral (MS), o PT deverá seguir a fórmula definida para a ocupação da primeira vice-presidência do Senado. O PT também está de olho na Comissão de Infraestrutura, pleiteada por senador Lindberg Farias (RJ). O problema é que o PMDB também quer o comando. O ex-governador Eduardo Braga (PMDB-AM) manifestou interesse. Para garantir a vaga, os peemedebistas teriam de formalizar o bloco com o PP e o PTB, que reivindica a vaga para o ex-presidente Fernando Collor. Na tentativa de um acordo, o líder da bancada peemedebista, Renan Calheiros (AL), chegou a propor que o PT abrisse mão da liderança do governo no Congresso Nacional, ideia rejeitada.
Já o PSDB aposta na manutenção do impasse para não perder a prerrogativa da terceira escolha das comissões.
- O PMDB sairá perdendo se aceitar a proposta do PT - diz o presidente nacional do PSDB, o senador Sérgio Guerra (PE).
Outra briga é a pela liderança do governo na Câmara. Disputam a função Cândido Vaccarezza (PT-SP), Henrique Fontana (PT-RS) e Arlindo Chinaglia (PT-SP). A escolha será resolvida pela presidente Dilma Rousseff.