Título: No início de Alckmin, chuvas, cortes e disputa
Autor: Amorim, Silvia ; Herdy, Thiago
Fonte: O Globo, 30/01/2011, O País, p. 12

Com o segundo maior orçamento do país, o governo de Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo, teve como principais tarefas neste primeiro mês de gestão elaborar um plano de corte de gastos, definir investimentos prioritários e remediar estragos causados pelas enchentes. Na seara política, os poucos dias do novo governo foram suficientes para revelar que há no ar um clima de disputa e revanchismo de aliados de Alckmin contra o ex-governador José Serra.

Em um esforço de economia para ampliar a capacidade de investimentos, a atual gestão assumiu o compromisso de reduzir em R$1,5 bilhão os gastos com custeio para 2011. Esse montante já foi congelado no orçamento no início do mês como uma das primeiras medidas de Alckmin. Agora, o governador espera até amanhã, das secretarias de estado, a apresentação de planos que indiquem onde e quanto cada uma pode economizar. O prazo para a entrega desses relatórios vence amanhã.

As inundações foram um capítulo à parte. Com apenas dez dias no cargo, Alckmin teve que enfrentar o desgaste político por mortes e alagamentos em decorrência das chuvas. A agenda do governador foi bastante pautada pelas tragédias, com visitas a municípios inundados e promessas de recursos extras.

O ano começou também com um clima político acirrado no estado entre os grupos de Alckmin e de Serra. Aliados do ex-governador acusam alckmistas de trabalharem nos bastidores para impedir que Serra seja o próximo presidente nacional do PSDB. O próprio Alckmin teve que vir a público na semana passada para dar explicações e declarou que, se Serra quiser o cargo, terá o apoio dele.

Em Minas, trinta dias foram suficientes para Antonio Anastasia, que levantava ceticismo devido ao seu perfil eminentemente técnico no governo Aécio Neves, mostrar que aprende rapidamente a fazer política. Para abrigar os 12 partidos que o apoiaram, adotou medidas impopulares como a criação de novas secretarias e aumentou o número de cargos comissionados. No entanto, ele garante que as opções não porão em xeque a eficiência de gestão. E promete cobrá-la por meio de metas que serão acordadas em março.