Título: Dívida pública cresce R$200 bilhões
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 02/02/2011, Economia, p. 23

Puxada por aportes ao BNDES (para capitalizar o banco, o Tesouro emite títulos), a dívida pública federal subiu quase R$200 bilhões em 2010 e fechou em R$1,694 trilhão, o que representa alta de 13,13% no período. O montante ficou dentro do previsto no Plano Anual de Financiamento (PAF) do Tesouro Nacional, que projeta um aumento de até R$240 bilhões em 2011. O secretário do Tesouro, Arno Augustin, explicou que o planejamento deste ano contempla, além da estratégia de rolagem da dívida, uma eventual nova capitalização do BNDES e emissões para ajudar o Banco Central (BC) na política monetária. Segundo o PAF, o estoque deve encerrar o ano entre R$1,8 trilhão e R$1,93 trilhão. A meta para 2010 era entre R$1,6 trilhão e R$1,73 trilhão.

- É importante que a atuação do Tesouro Nacional seja voltada não apenas para os fundamentos fiscais, mas também para ajudar na política monetária. Lançar mais títulos públicos é menos trabalho para a política monetária. Podemos a ajudar o BC a enxugar a liquidez - afirmou.

Eventual capitalização do BNDES será mais modesta

Augustin lembrou que a parcela da dívida pública composta por papéis prefixados fechou o ano em 36,6% do total - maior valor da série histórica do Tesouro iniciada em 1990. Segundo o secretário, títulos prefixados e indexados a índices de preços são os mais favoráveis para a administração da dívida pública, uma vez que são menos suscetíveis a turbulências no mercado e a elevações das taxas de juros no país. Juntas, as parcelas prefixada e indexada a preços respondem por 63,3% da dívida.

O secretário afirmou ainda que uma eventual capitalização do BNDES não será feita nos mesmos montantes de 2010, quando o governo injetou R$100 bilhões no banco:

- Se ela for feita, vai ser num patamar menor.

Em dezembro, a dívida total teve crescimento de R$28 bilhões (1,66%), devido à emissão líquida de títulos de R$11,04 bilhões e à incorporação de juros de R$16,65 bilhões. Na composição do endividamento, a dívida interna subiu R$205,5 bilhões, para R$1,603 trilhão. A externa caiu R$8,87 bilhões.

A parcela corrigida pela Selic fechou em 30,8% do estoque, dentro da previsão de 30% a 34%. Já a parte da dívida atrelada a índices de preços ficou em 26,6% (meta de 24% a 28%), enquanto a dívida corrigida pelo câmbio foi de 5,1% (previsão de 5% a 8%).

O prazo médio da dívida terminou em 3,53 anos (previsão de 3,4 a 3,7 anos). Já a meta de vencimentos não foi integralmente cumprida. A fatia da dívida com vencimento em 12 meses encerrou 2010 em 23,89%, e o objetivo era de 24% a 28%.

Augustin destacou que os investidores estrangeiros apostam nos títulos do governo: sua participação subiu de 10,03% em novembro para 10,25% em dezembro, segundo a metodologia que vinha sendo utilizada. Agora que o governo modernizou o sistema que permite identificar os compradores de papéis públicos, é possível dizer que os estrangeiros têm 11,6% do estoque. (Martha Beck)