Título: CVM investiga as ações do PanAmericano
Autor: Carneiro, Lucianne ; D"Ercole, Ronaldo
Fonte: O Globo, 03/02/2011, Economia, p. 26

Papéis do banco subiram 54,9% em apenas dois dias, após anúncio da compra do controle pelo BTG Pactual

RIO e SÃO PAULO. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou ontem à noite que está analisando o comportamento das ações do PanAmericano. Segundo a autarquia, a investigação é feita para verificar a ocorrência ou não de um comportamento atípico, como oscilação de preço e volumes negociados. Segundo a CVM, estão sendo analisados os assuntos que estão dentro de sua competência, como informação do mercado (exceto demonstrações financeiras e auditoria), negociações com valores mobiliários da instituição e fundos de investimento.

Pelo segundo dia seguido, as ações do PanAmericano registraram alta expressiva, repercutindo a compra do controle da instituição pelo BTG Pactual anunciada na noite de segunda-feira. Ontem, os papéis preferenciais (PN, sem voto) subiram 26,43%, para R$6,60. É o maior valor desde 9 de novembro (R$6,77), um dia antes da revelação do rombo na instituição. Em dois dias, o salto acumulado foi de 54,93%. Na semana passada, ação tinha recuado 3,09%.

Segundo analistas, a expectativa com a gestão do BTG Pactual, com experiência no setor bancário, estimulou a continuidade na alta dos papéis. Além disso, na conclusão do negócio, será feita uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) aos minoritários pelo preço de R$4,89. Isso garante um preço mínimo para o papel e estimula novas apostas nas ações, já que o risco é limitado a esse piso.

Segundo levantamento da consultoria Economática sobre o desempenho dos papéis dos grandes bancos da América Latina e dos Estados Unidos, a crise do PanAmericano coincidiu com um momento pouco favorável ao setor bancário e pesou nas perdas que as ações dessas instituições vêm sofrendo desde o fim de 2010. O estudo mostra que as ações dos brasileiros fecharam janeiro desvalorizadas.

PPS quer que BC e Caixa se expliquem na Câmara

O Santander foi o que apresentou o pior desempenho: suas ações ON recuaram 16,67% e as units, 14,28%. O Itaú Unibanco viu o preço de suas PN despencarem 10,04%, enquanto o Bradesco (PN) e o Banco do Brasil (ON) tiveram perdas de 5,62% e 5,28% no período, respectivamente.

O principal fator de pressão, dizem analistas, foi a necessidade de o BC elevar os juros para segurar a inflação. O mercado avalia agora que somente a alta da taxa básica não será suficiente, o que abre a possibilidade de adoção de outras medidas, como elevação de compulsórios e de restrições maiores ao crédito, que afetam os bancos.

- O mercado fica muito na incerteza e isso é muito ruim - diz Eduardo Roche, gerente de Renda Variável da Modal Asset, lembrando que os papeis dos setores de varejo e imobiliário vêm sofrendo tanto quanto os dos bancos.

Na próxima semana, após a instalação das comissões permanentes da Câmara dos Deputados, o Partido Popular Socialista (PPS) pretende convocar os presidentes do BC, Alexandre Tombini; da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho; do BTG, André Esteves; além do empresário Silvio Santos, para que expliquem os detalhes da operação que envolveu o saneamento e a venda do banco PanAmericano.