Título: Prejuízos e tráfico de influência
Autor: Camarotti, Gerson; Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 04/02/2011, O País, p. 3

Reportagens publicadas pelo GLOBO desde a semana passada têm mostrado o aparelhamento político em Furnas e sua relação com prejuízos na estatal. Documento feito por engenheiros de Furnas aponta que estatal comprou ações da empresa Oliveira Trust Servicer por R$73 milhões acima do valor original, após recusar o lote oito meses antes da transação econômica.

Ata comprova que, em 4 de dezembro de 2007, Furnas renunciou ao direito de aquisição da participação da Oliveira Trust, que estava previsto no acordo de acionistas. Já em 9 de janeiro de 2008 foi efetuada a compra do lote pela Companhia Energética Serra da Carioca II, do grupo Gallway, por R$6,96 milhões. Em 29 de julho, a diretoria de Furnas aprovou a compra do mesmo lote por R$80 milhões.

A negociação favoreceu a Companhia Energética Serra da Carioca II e o grupo Gallway, que tem como um de seus diretores Lutero de Castro Cardoso. Ele foi presidente da Cedae indicado pelo deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O peemedebista tem indicado nomes para o comando de Furnas.

Cunha, por sua vez, teve despesas de um apartamento pagas pelo doleiro Lúcio Bolonha Funaro, que também integra o grupo Gallway. Na época da negociação, o presidente de Furnas era Luiz Paulo Conde, indicado pelo deputado. O documento ainda acusa o PMDB de influência para dobrar o custo da Hidrelétrica de Simplício, na divisa do Rio com Minas Gerais.

Cunha é apontado como o responsável pela indicação do presidente de Furnas, Carlos Nadalutti Filho, filiado ao PMDB de Goiás e que será substituído.