Título: No Congresso, começa briga pelas comissões de maior visibilidade
Autor: Doca, Geralda; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 04/02/2011, O País, p. 4

PMDB deve indicar comando de Minas e Energia e de Seguridade e Saúde

BRASÍLIA. Na Câmara e no Senado, começou a queda de braço pelo comando das comissões permanentes de maior visibilidade. Segundo integrantes do grupo do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o PMDB do Rio de Janeiro quer a Comissão de Minas e Energia para o deputado Edson Ezequiel. O PMDB do Pará trabalha para emplacar na vaga o deputado José Priante, sobrinho do ex-deputado Jader Barbalho. Cunha afirmou que nada está definido, mas que o tamanho das bancadas será importante na hora de decidir:

- Tudo vai depender de que comissões vamos ter, mas a ocupação será pelo tamanho das bancadas. As bancadas do Rio e de Minas, as duas maiores, deverão ocupar duas comissões - disse Cunha.

A comissão de Seguridade e Saúde seria outra escolha do PMDB, porque os peemedebistas não engoliram as atitudes do ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), de tirar nomes do partido de cargos do segundo escalão do ministério.

No PT, o racha na bancada continua, com os grupos brigando agora pela presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Estão no páreo os paulistas João Paulo Cunha e Ricardo Berzoini.

O Senado fechou ontem a composição da Mesa Diretora - votando as indicações dos quatro suplentes que faltavam -, mas o impasse sobre a distribuição das comissões prossegue. Tudo por causa da disputa pelo comando da Comissão de Infraestrutura, que poderá ficar nas mãos do PSDB, algo que o governo não gostaria.

Segundo fontes do governo, a presidente Dilma Rousseff quer "passar a navalha" no comando das agências reguladoras, cujos nomes são sabatinados pela Comissão de Infraestrutura (CI). Dilma já decidiu que quem tiver mandato vencendo não será reconduzido se não tiver experiência na área de fiscalização do órgão regulador. Até o fim deste ano, terão que ser preenchidos 14 cargos, entre diretores e presidentes.

O PT não descarta disputar a presidência da comissão com os tucanos, caso não seja possível um acordo. Para ceder, o PSDB exigiu pelo menos duas outras comissões, entre elas a de Educação. Os petistas, porém, resistem em ceder a segunda comissão e esperavam que os tucanos aceitassem uma suplência na Mesa, o que não ocorreu.

O PMDB assiste de longe ao embate também de olho na Comissão de Infraestrutura, para acomodar o ex-governador do Amazonas Eduardo Braga (PMDB-AM). Nos bastidores, o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), teria sondado o PT sobre a hipótese de o partido ceder ao ex-governador a liderança do governo no Congresso, mas os petistas planejam indicar para a vaga o senador José Pimentel (PT-CE), que abriu mão da vaga na Mesa Diretora - pelo menos este ano - para a colega Marta Suplicy (PT-SP).

Uma das primeiras missões do novo presidente da CI deverá ser comandar a troca de controle da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Embora tenha experiência, a presidente da Anac, Solange Vieira, não deverá continuar no cargo por não ter simpatia de Dilma. O mandato de Solange termina em março. Partidos que, tradicionalmente, garantem assentos nestas entidades não querem abrir mão das suas cotas, como é o caso da Agência Nacional do Petróleo. O presidente Haroldo Lima, indicação do PCdoB, deixa o cargo em dezembro de 2011, após oito anos à frente da entidade.