Título: Na estreia, Marta corta microfone de Suplicy
Autor: Fabrini, Fábio
Fonte: O Globo, 04/02/2011, O País, p. 10

BRASÍLIA. A vida do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) não vai ser fácil na gestão de Marta Suplicy (PT-SP) na vice-presidência do Senado. Em sua estreia no cargo, ontem, Marta tentou mostrar pulso firme na condução de uma sessão de debates, após a saída do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), do plenário. E não hesitou em dar um puxão de orelhas público no ex-marido e seu colega de bancada quando ele extrapolou os dez minutos de tempo que havia lhe concedido para fazer um pronunciamento em defesa do ex-ativista italiano Cesare Battisti.

- Senador, o tempo já foi aumentado em um minuto. Vamos ter mais um minuto. Depois vamos ter que concluir, pois a lista tem mais sete inscritos - advertiu Marta, quando Suplicy decidiu conceder o primeiro aparte ao senador João Pedro (PT-AM), antes de o som ser cortado automaticamente.

Apesar da advertência, Suplicy fez um apelo à ex-mulher para que ela lhe autorizasse a conceder um aparte também ao líder do DEM, senador José Agripino (RN). Mesmo contrariada, Marta autorizou:

- Senador Suplicy, como o senador José Agripino já havia pedido também um aparte, vou, então, ceder dois minutos para o senador fazer o seu aparte. Aí espero que possamos prosseguir para o senador Inácio Arruda, que fala em nome da liderança. Depois, temos mais sete inscritos. Dois minutos, senador! - reclamou Marta.

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) elogiou a tentativa da colega de limitar o tempo dos pronunciamentos na tribuna. Mas a advertiu sobre as consequências de eventuais concessões que venha a fazer durante o comando das sessões do Senado.

- Quando se abre uma exceção para um senador poder usar a palavra, quero crer que seja de bom alvitre que também para os outros senadores seja dado o mesmo tempo. Até podemos usar, por analogia, a mesma disposição relativa à concessão da palavra ou aparte para um senador. Quando um aparte é negado para um senador, ele não pode deferir a palavra em aparte para qualquer outro senador - alertou Demóstenes.

O dia ontem no Senado foi marcado pela estreia de vários novatos na tribuna. Entre eles, destacaram-se os petistas Lindberg Farias (RJ) e Gleisi Hoffmann (PR). Hoje será a vez do ex-presidente Itamar Franco (PPS-MG).

Ele adiantou que pretende fazer uma sugestão para que a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) - que deverá ser presidida por um petista - convide o ex-candidato tucano à Presidência José Serra para que ele esclareça a proposta que fez durante a campanha presidencial do ano passado, na qual defendeu um salário mínimo de R$600. Itamar garante que não se trata de uma provocação ao governo, mas apenas uma tentativa de abrir o debate sobre o salário mínimo.

Na Câmara, a vice-presidente Rose de Freitas (PMDB-ES) também estreou no comando da sessão.