Título: Mesa Diretora: membros multiplicaram bens
Autor: Fabrini, Fábio
Fonte: O Globo, 04/02/2011, O País, p. 10

Primeira vice-presidente da Câmara, Rose de Freitas (PMDB-ES) triplicou patrimônio em quatro anos

BRASÍLIA. Os integrantes da nova Mesa Diretora da Câmara assumem suas funções não apenas mais poderosos, mas também mais ricos. Em quatro anos de vida pública, nove dos 11 componentes, eleitos anteontem em plenário, tiveram significativa evolução patrimonial. Em alguns casos, o valor total dos bens chegou a triplicar, caso da vice-presidente Rose de Freitas (PMDB-ES). Só dois dos parlamentares empobreceram.

Em 2006, os membros da Mesa declararam à Justiça eleitoral posses de R$11,9 milhões, valor que saltou para R$17,3 milhões no ano passado. Na média, o aumento foi de 45%. Nem todos vivem só do subsídio de parlamentar, que era de R$16,5 mil antes do reajuste de 62%, aprovado para a nova Legislatura.

Primeira vice-presidente da Casa, Rose de Freitas foi quem teve a maior variação patrimonial. Seus bens somavam R$972 mil no ano passado, mais que três vezes o declarado em 2006 (R$303 mil). Desde então, a deputada agregou ao patrimônio, entre outros bens, um apartamento de R$116 mil e uma casa de R$160 mil, segundo as declarações ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), além de automóveis, um sítio e R$125 mil em espécie. Comparando com o da declaração de 2002 (R$213 mil), o patrimônio quase quintuplicou.

Questionada, ela explica que suas riquezas não cresceram tanto. Segundo a parlamentar, a cada declaração anual de Imposto de Renda, o valor de mercado de seus imóveis foi atualizado. A manobra, no entanto, é proibida pela Receita Federal, pois implica sonegação fiscal no momento da venda do bem.

- Faço a correção, o que acho mais correto. Se colocasse que uma casa comprada anos atrás vale R$30 mil, não estaria de acordo - explica a parlamentar, acrescentando que tudo o que conseguiu ao longo da vida foi à base de "prestações".

Riquezas de suplente cresceram 190%

Pouco atrás de Rose, o colega de bancada capixaba Carlos Humberto Mannato (PDT), suplente da Mesa, foi o segundo que mais melhorou de vida. Suas riquezas cresceram 190% em quatro anos, passando de R$468 mil para R$1,35 milhão. Em 2006, ele declarava um apartamento, dois automóveis e três salas. No ano passado, apresentou relação de 20 bens, que inclui loja, cotas de participação num hospital, entre outros.

Embora mais modesto, o patrimônio do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), saltou de R$127 mil para R$342 mil (167%), grande parte devido a um apartamento de R$242 mil, financiado. Segundo sua assessoria, a variação corresponde ao que um deputado ou outro trabalhador de renda equivalente consegue poupar, em quatro anos, com o seu salário.

Também tiveram evolução patrimonial Geraldo Resende (PMDB-MS), suplente (60%); Júlio Delgado (PSB-MG), quarto-secretário (47%); Carlos Eduardo Cadoca (PSC-PE), suplente (46%); e Eduardo da Fonte (PP-PE), segundo vice-presidente (39%) . Contra a maré, o suplente Sérgio Moraes (PTB-RS) tem menos 58 mil que em 2006 ou 22%, segundo as declarações. Já o primeiro-secretário Eduardo Gomes (PSDB-TO) "perdeu" R$20 mil (4%) do que acumulara.

O "barão" da Mesa é Inocêncio Oliveira (PR-PE), terceiro secretário, com R$6,9 milhões, 9,6% a mais que em 2006. Ele é dono de um lista de 43 itens informados ao TSE, que inclui casas, fazendas, cotas em empresas, apartamentos, lotes e participações em veículos de comunicação. O segundo-secretário Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP) saltou de R$1,8 milhão para R$3,9 milhões, aumento de 114%.

- Essa evolução vem dos rendimentos de minhas empresas (na construção civil) e do falecimento do meu pai. Ele transferiu os bens aos filhos - disse.