Título: Workaholic assumido com disciplina oriental
Autor: Duarte, Patrícia; Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 04/02/2011, Economia, p. 27

Novo secretário tem habilidade política

BRASÍLIA. Workaholic assumido e homem de poucos sorrisos, Rossano Maranhão, de 53 anos, construiu uma carreira sólida no setor bancário, público e privado. Desde os anos 1990 ocupa postos de destaque na linha de frente do Banco do Brasil (BB), no qual ingressou em 1976. Sua capacidade técnica e gerencial é alvo de elogios de ex-chefes e colegas de trabalho e foi seu principal trunfo na escalada que completa assumindo um cargo com status de ministro. Mas o traquejo pessoal e a habilidade política, com os quais conseguiu transitar bem entre as forças políticas, também contribuíram.

Rossano foi diretor da Área Internacional do BB no governo Fernando Henrique Cardoso e chegou a ser cotado a assumir o banco na transição para a administração Luiz Inácio Lula da Silva. Acabou numa vice-presidência. Em 2004, sucedendo Cássio Casseb, chegou ao topo do BB pelas mãos do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Ocupou o posto pelos dois anos seguintes.

Ele saiu do BB no fim de 2006, com Guido Mantega à frente da Fazenda, sob pressão do PT, que queria mais espaço na instituição. Assumiu a presidência do banco Safra, onde está até hoje.

Fã de judô, esporte que pratica há anos, Rossano absorveu a disciplina oriental. Uma das principais características do futuro secretário de Aviação Civil é gostar de ouvir. Antes de tomar decisões, tem a paciência para conhecer a opinião de quem trabalha com ele e parece pesar todas as considerações. Está 24 horas por dia plugado em mídias eletrônicas e gosta de saber de todas as notícias em tempo real.

Natural de São Luiz (MA), Rossano tem boa experiência acadêmica, com mestrado em Economia pela Universidade de Illinois (EUA). Deu aulas no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec-DF) e na Universidade Católica de Brasília. É casado e tem três filhos. Apesar de trabalhar em São Paulo, na sede do Safra, sua família continua em Brasília. Por isso, Rossano vive na ponte aérea.