Título: Rossano Maranhão fica à frente da Aviação Civil
Autor: Duarte, Patrícia; Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 04/02/2011, Economia, p. 27

Após convidar Henrique Meirelles para Autoridade Olímpica, Dilma convoca outro banqueiro para cuidar de aeroportos

BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff decidiu criar a Secretaria de Aviação Civil (SAC), com status de ministério, e convidou o ex-presidente do Banco do Brasil (BB) Rossano Maranhão para assumir o cargo. A informação foi antecipada ontem pelo colunista do GLOBO Ancelmo Gois em seu blog. Rossano, que deixou ontem um hospital em São Paulo após uma cirurgia no joelho, aceitou o convite. Seu principal desafio será melhorar a gestão do sistema aeroportuário, uma das piores heranças da Era Lula e, portanto, uma das áreas mais sensíveis para o governo com a proximidade da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

O ex-presidente do BB é considerado um executivo experiente e competente, com foco em resultados. Não é a primeira escolha de Dilma baseada em habilidades gerenciais - coincidentemente de banqueiros. Ela reconhece em Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central (BC), o mesmo perfil. Não por menos a presidente negociou com o PCdoB, que comanda a pasta do Esporte, a nomeação de Meirelles para a Autoridade Pública Olímpica (APO), órgão encarregado de planejar e executar obras para as Olimpíadas de 2016.

A SAC estará ligada à Presidência da República, como ocorre com os portos, e abrigará os dois principais órgãos operacionais do setor: a Infraero, que administra os 67 principais aeroportos do país, e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), à qual cabe a formulação e a implementação das políticas do ramo e sua fiscalização.

Murilo Barboza, atual presidente da Infraero, deixará o cargo assim que for recrutado no mercado um executivo com características semelhantes às de Rossano (que chegou a ser cogitado para este cargo em 2007 e no fim de 2010). Solange Vieira, presidente da Anac, não deve ter seu mandato renovado, em março.

A presidente, segundo interlocutores, participou diretamente das conversas com Rossano, que deixará a presidência do banco Safra para assumir a missão. Sua indicação teve forte influência do chefe da Casa Civil, ministro Antonio Palocci, e do ministro da Defesa, Nelson Jobim. Pelas mãos de Palocci, o executivo se consolidou na linha de frente do BB. Jobim o queria na Infraero quando assumiu a Defesa, em 2007 - convite que Rossano não aceitou.

Objetivo é apressar investimentos para a Copa

Segundo interlocutores, há algum tempo Rossano vinha dando sinais de que gostaria de voltar a atuar no governo, mas esperava um grande desafio. Salário não seria problema. Em cincos anos no Safra, tornou-se um dos mais bem pagos banqueiros do país e considera que fez seu pé de meia. Recentemente, foi cotado para a presidência da Vale no lugar de Roger Agnelli, que deve se despedir sair até o meio do ano.

A ideia de criar a SAC foi antecipada pelo GLOBO no início de novembro e surgiu ainda na campanha, como uma forma de apressar os investimentos nos aeroportos a fim de prepará-los a tempo para a Copa e as Olimpíadas.

Sobre a escolha de Meirelles, Dilma discutiu o assunto há uma semana, em reunião de última hora em São Paulo, com o ministro Orlando Silva. Antes de assumir o BC, que dirigiu por oito anos, Meirelles passou pelo BankBoston. Com reputação internacional, ele trabalhou pela candidatura do Rio. A APO terá o desafio de cumprir o cronograma de obras sem atrasos, superfaturamentos e desvios.