Título: Investimento no metrô
Autor: Campbell, Ullisses
Fonte: Correio Braziliense, 24/07/2009, Cidades, p. 26

Arruda acerta empréstimo para a compra de 12 trens e a expansão até a Asa Norte

Governador Arruda entre José Serra e o ministro Márcio Fortes: ¿Esse projeto vai resolver o problema da superlotação¿

São Paulo ¿ O governador José Roberto Arruda selou ontem, em São Paulo, um acordo para melhorar o trânsito de Brasília e dar mais conforto a quem anda de metrô. Em cerimônia na sede brasileira da fábrica francesa de trens Alstom, na Lapa, Arruda assinou um empréstimo de R$ 260,3 milhões liberado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O contrato prevê a compra de 12 trens e a conclusão da Linha 1, aumentando a extensão de 42km para 49,2km, além da modernização dos vagões já em operação. Hoje, o metrô do Distrito Federal tem 20 trens e 23 estações em operação.

O empréstimo do governo saiu uma pechincha, segundo avaliou o presidente do banco, Luciano Coutinho. ¿Emprestamos praticamente a juros zero¿, disse. Na verdade, o valor cobrado sofrerá correção de 4,5% ao ano, taxa operada pelo banco quando se financiam projetos desse porte. ¿Muita gente pensa que o BNDES dá o dinheiro. É bom deixar claro que é um empréstimo, ou seja, o Governo do Distrito Federal vai ter que devolver essa quantia com juros e correções¿, lembrou o governador José Serra (PSDB), que ainda festejou o fato de a encomenda gerar renda e emprego no estado que governa.

Metalúrgicos

O governador Arruda festejou o contrato. ¿Esse projeto vai resolver o problema da superlotação e vai viabilizar a expansão do metrô até a Asa Norte¿, ressaltou. Durante o discurso, convidou 50 funcionários da fábrica de trens a conhecerem Brasília assim que a primeira parte da encomenda for entregue, prevista para março do ano que vem. ¿Quando chegar o primeiro comboio carregando trens, virá um ônibus de luxo com os funcionários da fábrica¿, disse o governador.

A cerimônia de assinatura do contrato previa a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas ele acabou não comparecendo por causa de uma forte chuva que caiu ontem na capital paulista. A ausência presidencial foi sentida principalmente pelos metalúrgicos da fábrica, que queriam ver o ex-companheiro de perto. ¿O presidente mandou dizer que vai fazer uma visita na Alstom no mês que vem para conhecer os metalúrgicos que trabalham aqui para melhorar o transporte público do Brasil¿, disse o ministro das Cidades, Márcio Fortes.

Arruda contou que ouviu muitas reclamações da população quando fez sozinho uma viagem de metrô. Ele ouviu queixas de toda ordem referentes à superlotação e demora de trens. Segundo ele, com o novo sistema, o intervalo entre um trem e outro passará para três minutos e meio. ¿Acredito que isso resolve a superlotação do sistema por pelo menos mais 10 anos¿, disse.

Os 12 trens encomendados pelo GDF serão compostos de quatro vagões Metropolis cada um. Serão construídos em aço inoxidável e terão acesso mais fácil aos passageiros, com adaptação específica aos portadores de necessidades especiais. Eles também estarão equipados com painéis luminosos indicando as estações.

Cobrança pelas vagas

O secretário de Transportes, Alberto Fraga, está convicto de que os novos vagões que serão entregues vão tirar carros das ruas de Brasília, mas não descarta a adoção de medidas polêmicas para desafogar o trânsito no Distrito Federal. Ontem, ele disse que está sendo tocado o projeto que pretende cobrar estacionamento público em Brasília, como já ocorre na capital paulista.

Segundo o projeto, a cobrança pelo estacionamento seria feita por meio de parquímetros que poderiam ficar nas calçadas e funcionariam com o uso de moedas. Esse sistema é comum em Nova York, onde o motorista deposita o valor correspondente ao tempo que vai usar a vaga. Em São Paulo, a cobrança é feita com bilhetes. (1)O motorista compra os tíquetes em bancas de revistas ou mercados e os deixa à mostra no painel do veículo. O carro que está estacionado sem o papelote é multado em R$ 42.

No DF, Fraga acredita que o novo sistema poderá entrar em fase de testes até o fim do ano. Se ainda com estacionamento pago, com novos trens do metrô e outras medidas que serão adotadas, o trânsito continuar caótico, o secretário avisa que poderá ser obrigado a utilizar o rodízio de veículos pelo final da placa, como também ocorre em São Paulo. Pelo sistema, em um dia da semana, o brasiliense teria que deixar o carro em casa durante o horário comercial. (UC)

1 - COBRANÇA O projeto que cobra estacionamento em locais públicos de São Paulo é conhecido como Zona Azul. Nos bairros nobres da capital, como os Jardins, o motorista pode adquirir um bilhete eletrônico por até R$ 3.