Título: Mantega reafirma que mínimo será de R$545
Autor: Suwwan, Leila
Fonte: O Globo, 05/02/2011, O País, p. 9

Ministros se reúnem com centrais sindicais, mas não chegam a acordo; proposta do governo será votada no Congresso

OS MINISTROS Lupi e Mantega no encontro com as centrais sindicais

SÃO PAULO. Diante de novo impasse na negociação do aumento do salário mínimo com o governo, as centrais sindicais voltam a ameaçar com protestos e se queixam abertamente da presidente Dilma Rousseff, a quem apoiaram na eleição de 2010. Em reunião com as centrais ontem, em São Paulo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, rejeitou qualquer mudança no patamar de aumento de R$510 para R$545. Os sindicalistas reivindicam R$580, mas aceitam flexibilizar os pedidos, que incluem reajuste da tabela de Imposto de Renda e de aposentadorias.

- Se o governo tivesse sobra de recursos, poderíamos ponderar. Mas estamos fazendo um ajuste, e isso impacta o governo num momento de esforço fiscal - disse Mantega.

Mantega, ao lado do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral), comentou indiretamente a proposta de adiantar uma parcela do aumento real de 2012. O ministro Carlos Lupi (Trabalho) participou do encontro, mas não da entrevista coletiva.

- Gostaríamos de dar um aumento maior, mas fere o acordo. Ou então vamos discutir 2012 - disse Mantega, se referindo ao pacto firmado com a gestão Lula, que prevê o aumento do mínimo de acordo com a inflação e o crescimento do PIB de dois anos antes. Segundo a fórmula, um aumento real expressivo está garantido para 2012, mas neste ano haveria apenas reajuste.

Depois de três horas de discussão, os presidentes de CUT, Força, CTB, CGTB, UGT e Nova Central se declararam frustrados com a postura do governo e, em especial, de Dilma. Prometeram manifestações e lobby no Congresso, onde o reajuste do mínimo terá de ser votado. Para o deputado Paulo Pereira (PDT-SP), o Paulinho da Força, Dilma estaria sendo cooptada pelo mercado. Artur Henrique, da CUT, falou em visão fiscalista "absurda".

As centrais já deram sinais de que concordam com R$560 para o mínimo em 2011, 7,8% de reajuste para aposentadorias e 5% de correção na tabela do IR até o fim do mandato de Dilma. Porém, avaliam que a absoluta inflexibilidade de Dilma significaria uma derrota política dos trabalhadores perante a equipe econômica.