Título: Dilma cobra criatividade e rigor dos ministros para implementar cortes
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 12/02/2011, O País, p. 4

BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff deu um recado duro aos ministros: mantenham a eficiências dentro dos cortes, nada de desperdício e tenham criatividade na apresentação de projetos. Ela mandou os ministros economizarem e cobrou deles, pessoalmente, criatividade para tocar as ações de cada pasta, atingidas pelo corte no Orçamento neste ano. A ordem, segundo interlocutores, foi dada anteontem durante a reunião do Fórum de Desenvolvimento Econômico, instalado pela presidente.

No discurso de abertura, um dia depois do anúncio do ajuste, Dilma determinou redução de gastos com combustíveis, proibiu a compra de novos carros oficiais e aluguel com mudança de sede.

- A presidente deixou claro que é preciso economizar. Deu uma ordem dura. Disse que cada ministro tem que encontrar alternativas para viabilizar suas ações, dentro do novo orçamento - contou um dos presentes na reunião.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, que coordenará o Fórum, endossou o discurso logo em seguida. Enfatizou a colaboração de todos para não fazer despesas e cobrou de cada um projetos nas suas respectivas áreas, obedecendo à risca o corte. As propostas serão encaminhadas ao ministro.

Mantega explicou a preocupação do governo com a inflação e, por isso, o tamanho do corte de R$50 bilhões. O objetivo é reduzir o consumo e o gasto público que pressiona os preços, obrigando o Banco Central (BC) a forçar a mão na alta dos juros. O presidente do BC, Alexandre Tombini, também estava presente.

Compromisso em desonerar folha

Também compareceram os presidentes do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Coelho, e do BNDES, Luciano Coutinho. Ao todo, 11 ministros participaram do Fórum.

O Fórum Econômico é o segundo a ser instalado por Dilma, de quatro criados por ela para melhorar a gestão pública em diversas áreas. O primeiro, em janeiro, foi o da Infraestrutura, coordenado pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Os outros dois aglutinam órgãos relacionados à Erradicação da Pobreza e Direito e Cidadania.

Segundo fontes, na primeira reunião do Fórum Econômico, o governo frisou o compromisso de desonerar a folha de pagamento para aliviar a carga tributária dos empregadores. A proposta é reduzir a alíquota patronal atualmente em 20%.

Porém, com o arrocho orçamentário, será necessário apontar uma fonte de receita para cobrir a perda com as contribuições previdenciárias. O ministro da Previdência, Garibaldi Alves, defendeu o benefício sem contrapartidas, desde que o Tesouro Nacional assuma explicitamente a renúncia fiscal das entidades filantrópicas que não recolhem o tributo.

Dessa forma, não haveria pressão para o déficit da Previdência. Mantega disse que o assunto precisa ser melhor discutido. No encontro, cada ministro teve oportunidade de falar sobre assuntos relevantes das suas áreas, além de temas econômicos. O ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, que é economista, foi um dos mais atuantes. O problema do câmbio, que afeta a balança comercial brasileira, também foi discutido.