Título: Secretarias adotam medidas independentes
Autor: Moraes, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 29/07/2009, Brasil, p. 11

Paciente com suspeita de gripe suína aguarda em hospital paulista: estado pode recorrer a plano emergencial

À revelia do Ministério da Saúde, algumas unidades da Federação ¿ como São Paulo, Rio, Distrito Federal, Paraná e Bahia ¿ vêm adotando estratégias próprias de combate e tratamento dos pacientes suspeitos da gripe A (H1N1), popularmente conhecida como gripe suína. Apesar de negarem qualquer tipo de divergência com o governo federal, alguns estados preferem intensificar as iniciativas locais, como a criação de disque-gripe, hotsite, parceria com o Exército, implantação de centros de referência para o tratamento da doença, além do treinamento de profissionais em municípios com rotas rodoviárias.

Com 205 casos confirmados e cinco mortes em decorrência da gripe A, o Rio de Janeiro é um dos estados que adotou mais estratégias diferenciadas em relação à orientação do Ministério da Saúde. Desde segunda-feira, o Rio lançou um disque-gripe e um hot site próprios, para tirar as dúvidas da população. O endereço http://gripea.rio.rj.gov.br recebeu mais de 4,5 mil visitas apenas no primeiro dia de funcionamento. ¿Além desses importantes canais de comunicação, que têm o objetivo de esclarecer a população e evitar um aumento da procura nos hospitais e centros de saúde, vamos implantar 14 novos centros de referência para a gripe. No total, serão 17 centros funcionando 24 horas¿, destacou Hellen Miyamoto, subsecretária de Atenção à Saúde do Estado do Rio de Janeiro. Segundo Hellen, não há qualquer discordância com as orientações do ministério. ¿Não houve discrepância em relação aos procedimentos do governo federal, apenas preferimos suprir as demandas do estado¿, observou.

Já a Bahia, que tem 48 casos confirmados e, por enquanto, nenhum óbito pela doença, preferiu intensificar o treinamento dos hospitais das cidades que recebem grande fluxo de turistas internacionais, como Salvador e Porto Seguro. Além dessas cidades, Itabuna, Juazeiro, Vitória da Conquista e Barreiras, municípios com entrocamentos de rotas rodoviárias para diversas regiões do país, também têm recebido reforço da Secretaria de Saúde. ¿Esse preparo da rede do interior é fundamental para que a Bahia não seja pega de surpresa com novos casos e mortes pela doença¿, ressaltou Alcina Andrade, diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde da Bahia. Na capital, o único hospital de referência para atender os casos da nova gripe é o Otávio Mangabeira, localizado no bairro do Pau Miúdo.

Superintendente de Atenção à Saúde de Minas Gerais, Marco Antônio Bragança lembra que a única medida anunciada que diverge da orientação do ministério foi a decretação, em 1º de maio último, do estado de emergência para a desburocratização de contratação de recursos humanos e a aquisição de máscaras, luvas e medicamentos para combater a gripe suína. ¿Fora isso, estamos seguindo, integralmente, as recomendações do governo federal. Já que 80% dos casos estão concentrados em Belo Horizonte e proximidades.¿ O estado tem 151 casos confirmados e nenhum óbito causado pela gripe A.

Assim como em outros estados, São Paulo admite ampliar os postos de atendimento e adotar um plano emergencial para conter a doença. O Paraná, por sua vez, pediu auxílio ao Exército para montar tendas e atender os pacientes com suspeita da nova gripe.

Questionado sobre as novas medidas anunciadas pelo DF e outros estados em relação ao tratamento dos pacientes suspeitos da gripe A, o Ministério da Saúde, por meio de sua assessoria, afirma que cada unidade da Federação organiza sua rede de atendimento e tratamento da maneira mais adequada com a realidade local. ¿Assim como São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná, cada estado pode adotar estratégias específicas. Não há qualquer recomendação que impeça esse tipo de prática. Ao contrário, o ministério, como cogestor da saúde, aprova iniciativas próprias de combate a gripe A (H1N1)¿, diz a nota.