Título: Na volta à cena política, Lula evita ofusca Dilma
Autor: Suwwan , Leila
Fonte: O Globo, 14/02/2011, O País, p. 4

SÃO PAULO. Após um mês de férias, Luiz Inácio Lula da Silva voltou com força ao cenário político. Embora cercados de cautela, seus primeiros passos como ex-presidente não têm sido tímidos. Enquanto a sede de seu instituto não fica pronta - a inauguração está prevista para abril em um imóvel na região do Ibirapuera, na capital paulista -, aproveita para fazer viagens internacionais e cuidar de articulações, nos bastidores, sobre temas nacionais, como a negociação do salário mínimo.

Lula está cercado de assessores que primam pela discrição, como Clara Ant, Paulo Okamoto e Luiz Dulci. Oficialmente, o formato da vida pós-mandato e o modelo de atuação pública do ex-presidente ainda estão sob estudo. Mas, como Lula não consegue evitar os holofotes, a única regra fixada, por enquanto, é não roubar espaço de sua sucessora, Dilma Rousseff. As conversas com a atual presidente têm sido frequentes.

- Ele (Lula) está com muita dúvida. Qual o problema do Lula? É, de maneira alguma, entrar na paralela. É tomar o cuidado extremo de nada fazer que signifique uma intervenção, um poder paralelo no governo Dilma. É a consciência de que ele não deve fazer nada que atrapalhe, que tire a centralidade do governo da Dilma. Não é um problema com ela, porque ela tem um carinho e uma dedicação total a ele. De outro lado, ele quer ver como é que ele ajuda - explica o ministro das Relações Institucionais, Gilberto Carvalho.

Depois de Dacar, um tour latino-americano

Após receber tratamento de chefe de Estado no Fórum Social Mundial, em Dacar, Lula fará, nos próximos dias, um tour por Venezuela, Cuba, El Salvador e Nicarágua. A viagem é coordenada pelo assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia. As viagens, porém, não o mantêm distante da pauta nacional. No Senegal, por exemplo, atacou os "sindicalistas oportunistas", criticando a pressão por um aumento maior do salário mínimo. Como presidente de honra do PT, já apresentou duas pautas: provar que o mensalão não existiu e a reforma política.

Passado o carnaval, e de volta do giro latino-americano, Lula poderá inaugurar seu instituto. O funcionamento deverá ser moldado com base em experiências anteriores. Assessores estudam modelos americanos, como os institutos dos ex-presidentes Bill Clinton e Jimmy Carter.

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