Título: G-20, em Paris, vai adotar estratégias para acompanhar e sanar desequilíbrios globais
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Fonte: O Globo, 14/02/2011, Economia, p. 17

Grupo deve monitorar contas externas, dívida, câmbio, reservas e resultado fiscal

BRUXELAS e BERLIM. Os ministros de Finanças do G-20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do planeta) deverão aprovar, em seu encontro em Paris na próxima semana, uma estratégia para lidar com os desequilíbrios globais que agirá em duas frentes: criar indicadores para medir essas instabilidades e adotar políticas para solucioná-las. A preocupação é evitar que desequilíbrios nas contas externas (com países com elevados superávits comerciais e outros com grandes saldos negativos), déficits públicos crescentes e a grande volatilidade nos fluxos de capitais desestabilizem a economia mundial.

A ¿estratégia em duas etapas¿ (monitoramento e adoção de medidas contra os desequilíbrios globais) foi acordada em janeiro, quando a equipe técnica dos ministros do G-20 realizou a reunião preparatória para o encontro de Paris, segundo documento da Comissão Europeia ao qual a agência de notícias Reuters teve acesso:

¿A União Europeia apoia firmemente esse acordo¿, diz o documento. ¿A estratégia em duas etapas dará foco ao trabalho do G-20¿.

Porém, ainda não há acordo, no G-20, sobre que tipo de indicador econômico será usado para medir os desequilíbrios globais. O documento da Comissão Europeia, porém, afirma que a UE defenderá critérios como déficits/superávits em conta corrente, dívida pública e déficit orçamentário, reservas internacionais e taxa de câmbio real.

¿O balanço em conta corrente (que inclui, além do comércio, investimentos, transferências e outros fluxos financeiros) é preferível à balança comercial (exportações e importações) como principal indicador da sustentabilidade externa¿, afirma o documento europeu, numa aparente referência a Pequim. Segundo fontes do G-20, a China, com elevados superávits no comércio exterior, defende o uso da balança comercial como referência.

O G-20 também discutirá em Paris a reforma do sistema monetário internacional. Os europeus manifestaram preocupação com a crescente adoção de mecanismos de controle de capital. ¿A União Europeia acredita nos benefícios do livre fluxo de capitais¿, diz o texto. ¿Os controles temporários de fluxos de capital são a segunda melhor opção para lidar com a volatilidade desses fluxos, quando comparados a medidas macroeconômicas, macroprudenciais e estruturais¿.

Paralelamente, a Comissão Europeia estuda destinar 500 bilhões para um novo mecanismo permanente de resgate para a zona do euro que vai vigorar a partir de 2013, segundo a revista alemã ¿Der Spiegel¿.