Título: Boa notícia na Saúde
Autor: Padilha, Alexandre
Fonte: O Globo, 15/02/2011, Opinião, p. 7

A hanseníase representa um grande desafio em saúde pública. O Brasil diminuiu em 27,5% o número de pessoas infectadas pela doença, que passou de 51.941 notificações, em 2003, para 37.610, em 2009.

Além dos desafios de manter essa queda dos índices temos que enfrentar o preconceito e o estigma em relação à pessoa infectada pelo bacilo de Hansen.

Nesse aspecto, além do respeito ao direito humano, à cidadania plena, é essencial ampliar a divulgação de informações sobre diagnóstico e tratamento. A hanseníase tem cura e, ao iniciar o tratamento, o paciente deixa de transmitir a doença. Ela, no entanto, pode causar deformidades físicas. Essas deformidades foram responsáveis pela perpetuação de preconceitos e discriminação.

Além de enfrentar o preconceito e o estigma, temos outro importante desafio: a necessidade de diversificar estratégias de controle. E um dos caminhos para potencializar ações é o estabelecimento de parcerias que somam esforços ao trabalho do Ministério da Saúde, estados e municípios.

A mais recente, de outubro de 2010, resultou em uma ação inédita, realizada pela Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), que mobilizou centenas de comunidades para divulgar a necessidade de eliminar o preceito e estigma associados à doença.

Esta ação foi realizada com o Movimento de Reintegração de Pessoas Atingidas pela Hanseníase (MORHAN), a Pastoral da Criança, a Pastoral da Saúde e os Franciscanos.

As iniciativas dos movimentos sociais são fundamentais para a identificação das necessidades da população, para dar legitimidade às ações desenvolvidas pelo Programa de Controle da Hanseníase, contribuindo para a reorganização do planejamento, para a mobilização social do governo e da sociedade na luta contra a doença.

Outra contribuição importante dos movimentos sociais para o planejamento da gestão tem sido em relação à mobilização social para as ações junto às escolas, levando-se em conta os indicadores de casos novos em menores de 15 anos, buscando envolver professores e alunos no conhecimento e suspeição da hanseníase.

As pessoas atingidas pela hanseníase conquistaram a concessão de uma pensão especial aos indivíduos que foram submetidos ao isolamento e internação compulsórios. Até 20 de janeiro deste ano, 6.107 requerimentos foram deferidos.

O governo reafirma os compromissos de dar continuidade às ações de eliminação da doença como problema de saúde pública. E continua contando com a valiosa contribuição da CNBB e de outros parceiros.