Título: Lupi elege novo presidente do Codefat e cria problemas
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 29/07/2009, Economia, p. 15

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, venceu, mas nem tanto. Depois de uma reunião marcada por vozes exaltadas e bate-boca, que culminou com a saída das quatro principais confederações patronais do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), os representantes do governo e dos trabalhadores, além das duas representações empresariais que restaram, elegeram Luigi Nese, da Confederação Nacional de Serviços, novo presidente da entidade por um período de dois anos.

A vitória de Lupi, no entanto, vai custar caro ao governo. As confederações que abandonaram o Codefat são as mais poderosas do país, representando a indústria (CNI), o comércio (CNC), a agricultura (CNA) e as instituições financeiras (Consif). Elas deixaram o Codefat antes da votação que elegeu Nese com 12 votos. A pressão de Lupi pelo seu candidato causou ainda um racha na bancada do governo e, com a saída das quatro confederações, o ministério do Trabalho está com um sério problema pela frente: onde arrumar outras quatro representações para colocar no lugar.

¿Ele (Lupi) vai fabricar mais quatro confederações chapas brancas e colocar no Conselho. Foi isso que ele já fez com essas duas que estão lá, que não representam nada nem ninguém¿, disse a senadora Kátia Abreu, presidente da CNA . Ela garantiu que a entidade que preside não vai voltar atrás e muito menos procurar o presidente Lula para debater a questão. Para a senadora, Lupi é um pelego e representa o retrocesso. ¿É como um cupim corroendo o sistema sindical brasileiro¿, disse.

O representante da Confederação Nacional do Comércio, Roberto Nogueira, disse que a reunião de ontem do Codefat foi uma farsa. Nogueira está convencido de que Lupi colocou um preposto apenas para impedir que um candidato indicado pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO) assumisse o Conselho.

Lourival Dantas, representante da Confederação Nacional da Indústria, disse que o ministro interferiu, indevidamente, no processo eleitoral. ¿Não reconhecemos legitimidade na escolha da Confederação Nacional de Serviços. Essa escolha cabe apenas aos integrantes da bancada dos empregadores que indicou, por maioria absoluta, Fernando Antônio Rodrigues para presidir o Codefat¿, disse. Indicado pelos empresários, ele seria o eleito natural, de acordo com um rodízio informal que vinha sendo seguido na instituição.

Na eleição, prevendo divisão ¿ na própria bancada do governo, os representantes do Ministério da Agricultura e da Previdência avisaram que iam votar contra Nese ¿, o ministro do Trabalho aproveitou o horário de almoço para fazer campanha. Lupi telefonou para o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, e pediu pelo seu candidato. O representante do BNDES votou a favor de Nese. Mais tarde, durante entrevista coletiva, Lupi disse que não trabalhou por ninguém. ¿Quem disse isso desconhece o regulamento do Codefat¿, rebateu.

Na votação em torno de um único candidato, os representantes da Previdência e da Agricultura preferiram se abster. Já a CUT, que tinha dito que votaria pela manutenção do acordo informal, onde cada bancada escolhe o seu candidato por maioria, acabou votando a favor de Nese, que, àquela altura, era o único candidato. O representante da CNA, Fernando Antônio Rodriguez, já havia saído do Conselho com os demais.