Título: Vitória à vista também no Senado
Autor: Jungblut, Cristiane ; Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 18/02/2011, O País, p. 3

Com maioria, esforço é para reverter eventuais dissidências

BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff tem maioria tranquila para derrotar com folga a oposição na votação do salário mínimo de R$545 semana que vem também no Senado. Ontem os líderes governistas já se articulavam para recolher assinaturas e aprovar a votação em regime de urgência na quarta-feira. A intenção é derrubar qualquer emenda com valor acima da proposta do governo. Mas não sem desgaste. Isso porque começou, desde ontem, a lavagem de roupa suja entre petistas contra e a favor dos R$545.

Com eleitorado cativo entre os trabalhadores, o senador Paulo Paim (PT-RS) insiste em apoiar uma emenda de R$560, como dois deputados petistas que estão na mira do governo e do PT por ter votado com a oposição na Câmara. Ao ler na imprensa declarações do companheiro nesse sentido, o secretário nacional de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), começou um bombardeio com xingamentos pesados no Twitter. No primeiro post, foi curto e grosso: "Fechar questão e punir este oportunista".

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), fazia planos ontem de colocar a matéria em pauta já na próxima quarta-feira. Até lá, o esforço será para reverter eventuais dissidências dentro da base aliada. Mesmo admitindo não ter chances de vencer o governo nesta votação, a oposição pretende votar a favor da proposta do PSDB pela elevação do mínimo para R$600 ou das centrais sindicais, que defendem um valor de R$560.

Além de Paim, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) já sinalizou que pode se unir à oposição. Mas o líder do PT, senador Humberto Costa (PE), deixou claro que o partido espera o apoio unânime da bancada em favor da proposta do governo.

- Todos os senadores do PT estão sendo tratados da melhor maneira possível pela presidente Dilma (Rousseff). O Paim não é exceção e ontem (anteontem) foi escolhido pela bancada para ser presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH). Esperamos reciprocidade. Não trabalhamos com a hipótese de termos qualquer voto contrário dentro da bancada - antecipou Costa, negando, contudo, que o comportamento de Paim na votação do mínimo seja condicionante para ele assumir a presidência da CDH.