Título: Oposição tentará evitar novo fiasco
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 18/02/2011, O País, p. 10

O TESTE DO MÍNIMO

"Não deixaremos de lutar por nossa proposta", diz líder tucano no Senado

BRASÍLIA. Mesmo com uma maioria mais confortável do governo no Senado, a oposição espera ter um desempenho melhor do que na Câmara, onde teve uma performance frustrante na votação do salário mínimo de R$545, anteontem à noite. Com 112 deputados, DEM, PSDB, PPS e PSOL foram divididos para a votação, com emendas diferentes de R$560, R$600 e até R$700, esta do PSOL.

A proposta defendida pelo DEM, de R$560, que tinha o apoio das centrais sindicais, obteve só 120 votos favoráveis, contra 361 da base governista, além de 11 abstenções. A do PSDB, de R$600, só 106 votos sim e sete abstenções. Além disso, DEM e PSDB tiveram traições nas votações.

A ideia do PSDB é reapresentar a emenda de R$600, defendida por José Serra durante a campanha presidencial. O DEM deve reapresentar a de R$560. O líder do DEM na Casa, senador José Agripino Maia (RN), disse que a situação do governo é mais confortável no Senado, mas prometeu um resultado melhor que o da Câmara.

- Não vai ser fácil, não, mas sempre resta a força do argumento. Não teremos aqui o mesmo resultado da Câmara. Aqui, a oposição vai atuar mais unida. Vamos brigar pelos R$560, pelo menos - disse Agripino.

O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), disse esperar o apoio dos outros partidos de oposição à emenda de R$600. Ele disse que, pela primeira vez, um presidente impõe um salário mínimo que sequer repõe a perda do poder de compra do trabalhador.

- Apesar de sermos minoria no Senado e de termos chances reduzidas, não deixaremos de lutar por nossa proposta. Esse é o nosso dever.

DEM e PSDB sofrem traições na Câmara

Na votação dos R$560, na Câmara, dois dos 46 deputados da bancada do DEM votaram com o governo. Já no PSDB, foram quatro, de uma bancada de 52 tucanos. Já na discussão do projeto, a oposição se dividiu: DEM e PSDB fizeram um acordo de procedimentos com o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). Por esse acordo, o projeto seria votado de forma simbólica; depois, haveria votação nominal das emendas de R$600, do PSDB, e de R$560, do DEM.

Assim, os deputados precisariam se expor na votação nominal. Além disso, haveria audiência pública na Câmara sobre o tema. Mas PPS e PSOL reclamaram, alegando que não estavam na reunião. E, na hora da votação dos R$560 - real teste do governo - houve mais rachas. O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), queria apresentar outra emenda com o valor de R$560 - mas a título de uma antecipação de 2,9% do reajuste que será dado em 2012. O DEM retirou o apoio e manteve a sua, que não prevê esse desconto.