Título: A representação do Nordeste não traduz a importância da região nas eleições
Autor: Gois, Chico de ; Maltchik, Roberto
Fonte: O Globo, 21/02/2011, O País, p. 5

Anfitrião do encontro com a presidente Dilma Rousseff, o governador petista de Sergipe, Marcelo Déda, disse que os governadores esperam ouvir quais são os planos para a região e cobrou mais espaço para representantes nordestinos no governo federal.

Chico de Gois

O que os governadores vão discutir com a presidente Dilma?

DÉDA: O grande objetivo deste primeiro encontro é permitir que se sentem à mesa a presidente e os novos governadores para que a gente possa ouvir os projetos, que papel estratégico o Nordeste cumpre no seu programa de governo. Como ela pretende dar prosseguimento aos investimentos que já foram deflagrados na região, especialmente em infraestrutura e políticas sociais, que papel ela acredita que o Nordeste cumpre no desenvolvimento nacional.

E qual é o papel que vocês esperam do governo federal?

DÉDA: Primeiro, compreender que o Nordeste qualificou sua participação na agenda nacional. Nós não somos mais a região que quer ser caricaturada com um pires na mão, batendo na porta do governo central. Nós hoje vivemos um momento da economia e da própria evolução dos indicadores sociais na região que mostra que o Nordeste, ao invés de ser problema, é parte da solução. O que esperamos é que o Nordeste continue tendo a prioridade que vinha tendo no governo Lula, no que concerne a continuidade dos investimentos estruturantes na região.

Um dos investimentos que vocês pleiteiam na região são as usinas nucleares. Como está essa discussão?

DÉDA: Hoje há uma necessidade de se diversificar a matriz energética da região e do país. Nós gostaríamos de trazer para cá um desses investimentos. A definição do local não depende apenas de vontade política, mas de condições técnicas que a Eletronuclear está buscando, como condições do terreno, localização estratégica, acessibilidade a linhas de transmissão. A perspectiva é de que Sergipe, Alagoas, Bahia e Pernambuco sejam os estados com as melhores condições.

A presidente Dilma anunciou corte de gastos. Já discutiram onde podem ser atingidos?

DÉDA: O clima entre nós é de alguma apreensão, de ansiedade. O anúncio informou a meta do corte, de R$50 bilhões. Mas ele ainda não foi detalhado. Tem de levar em conta as prioridades que o governo estabeleceu. E a questão social, a integração nacional e o desenvolvimento regional devem ser levados em conta. Nós queremos iniciar uma discussão sobre o detalhamento do corte para saber como vai se refletir nas ações na região.

Os estados nordestinos estão sendo atendidos na distribuição de cargos?

DÉDA: A representação do Nordeste não traduz a importância da região nas eleições presidenciais. Está aquém da força política que a região mobilizou no processo eleitoral. Mas considero essa discussão superada. Agora se trata de discutir o segundo escalão a partir do paradigma que a presidente estabeleceu: perfis técnicos, que possam se integrar às diretrizes políticas do governo. Claro que a região, através dos partidos e bancadas, expressará opiniões.