Título: Fundo Garantidor vai comprar até R$3,5 bi em crédito do PanAmericano
Autor: D'Ercole, Ronaldo
Fonte: O Globo, 19/02/2011, Economia, p. 27

Objetivo é ajudar o banco a recompor patrimônio, para se adequar às regras do BC

SÃO PAULO. Além dos R$3,8 bilhões já liberados para cobrir as fraudes contábeis que quase levaram o PanAmericano à falência, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC, fundo formado por recursos dos bancos privados) continua com os cofres abertos para ajudar o banco que pertencia ao apresentador Silvio Santos. O FGC se comprometeu a comprar até R$3,5 bilhões em cessões de crédito do PanAmericano para ajudar na recomposição da solvência do banco. Somente em janeiro, as compras do Fundo renderam R$700 milhões em receitas, que foram usadas para reforçar o patrimônio da instituição.

De acordo com a nova direção do banco, o capital da instituição só deve voltar aos níveis mínimos exigidos pelo Banco Central (BC) no fim deste mês.

Em teleconferência com analistas de mercado, ontem, os executivos do PanAmericano explicaram os ajustes no balanço, que foi reapresentado um dia depois da publicação, na quarta-feira. Pela versão revista, no fim de dezembro o PanAmericano tinha um patrimônio de referência negativo, de R$888,7 milhões, e o indicador de Basileia também negativo, em 5,74%, quando o mínimo exigido pelo BC é de 11%, positivo. Em vez de ter pelo menos R$11 próprios para cada R$100 emprestados, o banco tinha uma dívida de R$5,74 para cada R$100.

- Precisamos reequilibrar a estrutura operacional e de capital, e o que estamos fazendo é reduzir custos, mas nem tudo está feito - disse Celso Antunes da Costa, diretor-superintendente do PanAmericano, aos analistas.

Apesar de toda engenharia já montada, Costa não descartou a possibilidade de o banco precisar ainda fazer um depósito adicional em conta vinculada do BC para reenquadrar-se aos níveis de capital exigidos por lei.

- O importante é que o patrimônio líquido do banco retorne ao que era, em torno de R$1,4 bilhão, e ele volte a operar enquadrado como os outros bancos - diz Luiz Miguel Santacreu, da Austin Rating.

A Caixa Econômica Federal, que tem 36% do banco, e o BTG Pactual, que comprou a fatia de Silvio Santos, têm um acordo, válido para os próximos oito anos, pelo qual garantirão dinheiro ao banco via compra de carteiras e empréstimos interbancários. A Caixa poderá injetar de R$8 bilhões a R$10 bilhões, e o BTG, R$4 bilhões. Esse dinheiro, porém, será usado principalmente para fomentar novas operações de crédito.

A Caixa já está liberando entre R$1 bilhão e R$2 bilhões dessas linhas ao banco, segundo informou ao GLOBO uma fonte do governo. Procurada, a direção do FGC não retornou as ligações.