Título: Comissão do Senado aprova diretores do BC
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 24/02/2011, Economia, p. 29

BRASÍLIA. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou ontem, com 19 votos favoráveis e duas abstenções, as indicações dos funcionários de carreira Altamir Lopes e Sidnei Marques para a diretoria do Banco Central (BC). Os nomes, porém, ainda precisam da aprovação no plenário do Senado, o que só deve ocorrer na próxima terça-feira, devido à votação do salário mínimo. Dentro do BC, a expectativa até o fim da tarde de ontem era que Lopes e Marques assumissem seus cargos na segunda-feira, a tempo da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), dias 1º e 2 de março. Agora, no entanto, a participação dos novos integrantes do colegiado é incerta.

Durante a sabatina, que durou três horas, os indicados deixaram claro que estão alinhados com o pensamento corrente do BC. Lopes, que vai assumir a diretoria de Administração, afirmou que ainda existe um descompasso entre oferta e demanda, esta crescendo mais rapidamente e, portanto, pressionando a inflação. Ele ressaltou ainda a importância da obtenção de superávits fiscais primários ¿ economia feita pelo setor público para pagamento de juros ¿ no combate à alta de preços.

¿ Uma política fiscal responsável, como vem sendo praticada nos últimos anos, tem uma contribuição expressiva no controle da demanda agregada ¿ afirmou Lopes, durante suas respostas aos senadores.

A expectativa do mercado é que o segundo Copom de 2011 repita o movimento feito em janeiro e eleve a taxa básica de juros Selic, hoje em 11,25% ao ano, em meio ponto percentual, a fim de inibir o consumo e, consequentemente, a inflação.

¿ A utilização da taxa de juros como política monetária é efetivamente mais eficaz (como freio à alta dos preços) ¿ acrescentou Lopes, que chefiou o departamento Econômico do BC por 16 anos antes de ser indicado para o primeiro escalão da instituição.

Tanto Lopes quanto Marques foram questionados sobre o uso de instrumentos alternativos de política monetária, como os compulsórios bancários (parte dos recursos dos bancos que fica presa no BC), para controlar a inflação. Para Lopes, os compulsórios têm limites porque, no Brasil, as alíquotas já estão ¿significativamente elevadas¿.

Problema do Pan foi `localizado¿, diz Marques

Lopes e Marques vão substituir Alvir Hoffmann, que está saindo da diretoria de Fiscalização para se aposentar, e Gustavo Vale, que deixa a diretoria de Liquidações para assumir a presidência da Infraero, o que deve ocorrer logo depois do carnaval. O atual diretor de Administração, Anthero Meirelles, vai ocupar a cadeira de Fiscalização. Luiz Awazu Pereira, que hoje acumula as diretorias de Assuntos Internacionais e Normas, deve ser efetivado na última.

Assim, o presidente do BC, Alexandre Tombini, precisa escolher dois nomes para fechar o primeiro escalão do BC: um para a diretoria de Estudos Especiais, para a qual está cotada a economista Zeina Latif, e outro para a de Assuntos Internacionais, provavelmente também um profissional do mercado.

Na sabatina, os senadores também relembraram o caso do Banco PanAmericano, que quase quebrou devido a fraudes contábeis, e quiseram saber sobre a saúde do sistema financeiro nacional. Marques respondeu que a situação do Pan, vendido por Silvio Santos ao BTG Pactual, é ¿localizada¿. Ele argumentou que o BC tem um corpo de funcionários eficiente para monitorar e supervisionar o sistema.