Título: Juros sobem em janeiro, mas já caem este mês
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Fonte: O Globo, 25/02/2011, Economia, p. 34

Taxa ao consumidor está em 43,5% ao ano. Analistas preveem novas altas com aumento da Selic

BRASÍLIA. O sistema financeiro encerrou em janeiro o repasse dos custos das medidas de restrição de crédito baixadas pelo Banco Central (BC) em dezembro - promovendo forte alta dos juros e retração do volume de financiamentos - e voltou a apresentar, este mês, comportamento positivo, com taxas menores e mais empréstimos. No entanto, com a expectativa de que o Banco Central continue a subir os juros básicos da economia - a taxa básica Selic foi elevada para 11,25% ao ano em janeiro - a projeção dos analistas é de que os juros voltem ao subir em breve, levando a uma desaceleração do crédito.

No mês passado, a taxa de juros cobrada das famílias subiu 3,2 pontos percentuais, para 43,8% ao ano, tendo recuado até o último dia 11 para 43,5%. Já a concessão de novos financiamentos para pessoas físicas recuou 0,7% em janeiro, mas voltou a subir este mês (3,6%).

No casos das empresas, o cenário é ambíguo. Enquanto houve nova elevação, de 0,8 ponto percentual, das taxas médias de financiamento na prévia de fevereiro (para 30,1% ao ano), a concessão de crédito apresentou reação expressiva, passando de uma queda de 11,3% em janeiro para uma alta de 18,5% este mês.

Túlio Maciel, chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, disse que o impacto das medidas de restrição ao crédito adotadas em dezembro era esperado no início do ano:

- Não deveremos ter o mesmo ritmo de crescimento nos juros que vimos em janeiro.

O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, prevê um cenário de aperto monetário, uma vez que a Selic não deve parar de subir tão cedo. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) será nos dias 1º e 2 de março. O mercado projeta uma alta de meio ponto percentual na Selic.

A taxa básica serve de parâmetro para os custos dos empréstimos e, cada vez que o BC a eleva, acaba inibindo o consumo e, consequentemente, reduzindo a pressão inflacionária.

- Fevereiro começou com juros em baixa, mas isso pode se reverter até o fim do mês. O BC ainda vai subir a Selic e deveremos ver uma acomodação nos números - disse Oliveira.

O BC informou que a inadimplência para empresas subiu ligeiramente em janeiro, de 3,5% para 3,6%. Para pessoas físicas, ficou estável em 5,7%.