Título: Preços do petróleo fecham a semana com o maior avanço em dois anos
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Fonte: O Globo, 26/02/2011, Economia, p. 28

Da Bloomberg News

LONDRES e NOVA YORK. Os preços do petróleo fecharam ontem com sua maior alta para uma semana em dois anos - até 14% - em meio ao temor de que as revoltas, que já afetaram as exportações da Líbia, atinjam outros países do Oriente Médio. O avanço das cotações só não foi maior porque a Agência Internacional de Energia (AIE) confirmou ontem que a Arábia Saudita aumentou sua produção para compensar a perda dos barris da Líbia.

O barril do tipo Brent para entrega em abril avançou 0,7%, para US$112,14, em Londres. É a maior cotação desde 29 de agosto de 2008. Na semana, a alta acumulada foi de 9,4%. Em Nova York, o barril do tipo leve americano fechou em alta de 0,6%, a US$97,88. Na semana, o ganho foi de 14% - o maior desde fevereiro de 2009.

- Podemos estar olhando para uma guerra civil - disse Bill O"Grady, diretor de Estratégia da Confluence Investment Management. - Não há um fim óbvio à vista e não parece que vai acabar bem.

A Arábia Saudita "elevou discretamente" sua produção este mês, para mais de 9 milhões de barris por dia (bpd), afirmou ontem a consultoria Energy International Group em relatório, sem divulgar onde obteve a informação. O país produzia em janeiro 8,4 milhões de bpd, segundo estimativas da Bloomberg News.

Expansão da economia dos EUA é revisada para baixo

A AIE, que se reuniu ontem em Paris, confirmou o aumento da produção saudita. E assegurou que está pronta para liberar seus estoques estratégicos, se necessário.

A produção da Líbia foi reduzida em mais de 1 milhão de barris por dia, afirmou o Barclays Capital. Já a AIE disse que a produção caiu em 850 mil barris por dia. A Líbia produzia, antes de estourar a revolta, 1,6 milhão de barris/dia, a maior parte destinada à Europa. O óleo do país é leve, de fácil refino.

- A Líbia produz óleo cru de ótima qualidade - disse Rick Mueller, diretor da Energy Security Analysis. - Barris extras da Arábia Saudita ou do Kuwait não terão a mesma qualidade. Até chegar uma solução, haverá um pesado ágio geopolítico.

O avanço menor do petróleo - na terça-feira, por exemplo, a alta passou de 8% - trouxe alívio aos mercados. Na Europa, a Bolsa de Londres registrou ganho de 1,37%. Frankfurt e Paris ganharam 0,77% e 1,51%, respectivamente. Na Ásia, Tóquio subiu 0,71%, e Hong Kong, 1,82%.

Em Nova York, o índice Dow Jones fechou em alta de 0,51%, e a bolsa eletrônica Nasdaq avançou 1,58%. Marc Pado, diretor de Estratégia da Cantor Fitzgerald, disse ao site CNNMoney acreditar que o mercado de petróleo se livrou do pânico registrado no início da semana. Ele acrescentou que a economia, hoje, pode absorver o impacto de um barril a US$110, ao contrário da disparada de preços de 2008.

O mercado americano também teve sinalizações mistas da economia. O governo divulgou a revisão do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos em um país), que ficou abaixo do esperado por analistas. A expansão do PIB no quarto trimestre foi revisada de 3,2% para 2,8%. As projeções apontavam 3,3%. Em 2010, o crescimento ficou em 2,8%, contra 2,9% estimados anteriormente.

Por outro lado, a confiança do consumidor atingiu este mês seu maior patamar em três anos, apesar da alta nos preços dos combustíveis. Segundo a pesquisa Thomson Reuters/Universidade de Michigan, o índice de confiança do consumidor passou de 74,2 para 77,5 pontos, o maior desde janeiro de 2008.

(*) Com agências internacionais