Título: É preciso quebrar esse silêncio, afirma ativista
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 28/02/2011, O País, p. 5

Abstenção do Brasil na votação na ONU sobre Irá é criticada

BRASÍLIA. Na semana passada, dois ativistas de direitos humanos do Irã, Hadi Ghaemi e Parvin Ardalan, reuniram-se com autoridades brasileiras, entre as quais o assessor especial Marco Aurélio Garcia, que cuida de assuntos internacionais. Eles saíram do encontro esperançosos que o Brasil mude de opinião sobre o Irã.

- O que a gente espera é que amanhã a Maria do Rosário indique claramente que o Brasil, agora, vai apoiar iniciativas multilaterais de proteção aos direitos humanos. A ministra poderia indicar, nesse discurso, o compromisso do Brasil - afirmou Camila Asano, representante da Conectas Direitos Humanos e que acompanhou Hadi e Parvin.

Os iranianos manifestaram boas expectativas sobre a postura do governo Dilma e esperam dela posição diferente da adotada por Lula. Os dois citaram as declarações recentes de Dilma criticando a adoção da pena de morte no Irã. Parvin Ardalan é uma das principais ativistas do movimento pelos direitos das mulheres no Irã e uma das criadoras da campanha "Um milhão de assinaturas", que busca igualar direitos entre homens e mulheres no país.

- É preciso quebrar esse silêncio do Brasil - disse Parvin Ardalan.

- O povo do Irã tem histórica relação com o povo brasileiro. Mas, nos últimos tempos, está desapontado com a posição do Brasil em relação aos direitos humanos. Um das causas é a abstenção do Brasil quando se votou a resolução na ONU - disse Hadi Ghaemi, diretor executivo da Campanha Internacional pelos Direitos Humanos no Irã, criada em 2008. Desde 2004 ele vive nos Estados Unidos.