Título: Na ONU, Brasil criticará ditaduras do Oriente Médio
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 28/02/2011, O País, p. 5
Discurso de ministra será primeiro teste do governo Dilma na área das relações internacionais, onde Lula criou polêmicas
BRASÍLIA. Quando discursar hoje na abertura da 16ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, a ministra Maria do Rosário (Secretaria de Direitos Humanos) estará na verdade protagonizando o primeiro teste do governo Dilma Rousseff no setor. Ativistas e entidades não governamentais esperam o anúncio de que o governo brasileiro vai apoiar resoluções para conter violações dos direitos humanos pelo mundo.
Autoridades do governo Dilma Rousseff sinalizam que, no final do mês de março, o Brasil votará a favor da presença de um relator específico para cuidar dos problemas do Irã na ONU. Na Assembleia Geral da organização, ano passado, o governo Lula se absteve na votação de resolução contra o Irã.
No discurso de hoje, Rosário vai destacar que os regimes ditatoriais do Oriente Médio são um alerta de muito tempo para a democracia e para os direitos humanos, que, nesses locais, foram oprimidos. A ministra vai dizer que, no governo Dilma, direitos humanos não se negociam e que a presidente é intransigente com o tema.
Outro sinal de que o governo brasileiro deve mudar o tom com o Irã foi uma declaração do secretário Carlos Eduardo da Cunha, do Ministério das Relações Exteriores, na semana passada. Cunha, da Divisão de Direitos Humanos do Itamaraty, explicou que o Brasil se absteve na Assembleia Geral da ONU, em 2010, por entender que esse assunto deveria ser tratado no âmbito do Conselho de Direitos Humanos da entidade, em Genebra, palco do encontro que começa hoje.
O secretário do Itamaraty afirmou que o Brasil, na explicação de seu voto ano passado, deixou claro sua posição de se protegerem os direitos humanos, os direitos políticos e a liberdade de expressão no Irã. Sobre a expectativa de dois ativistas iranianos que estiveram em Brasília semana acerca de um apoio do Brasil a iniciativas de proteção aos direitos humanos no Irã, Cunha afirmou:
- Será devidamente considerada pelo Ministério das Relações Exteriores - disse Carlos Eduardo Cunha.