Título: A líderes, Dilma justificará cortes
Autor: Braga, Isabel; Lima, Maria
Fonte: O Globo, 02/03/2011, O País, p. 3
Em reunião, presidente também agradecerá apoio na votação do mínimo
BRASÍLIA. Na primeira reunião com os líderes de partidos aliados na Câmara dos Deputados, a presidente Dilma Rousseff deverá explicar a necessidade do corte orçamentário e, ao mesmo tempo, agradecerá o apoio durante a votação do projeto de lei que estabeleceu o salário mínimo em R$545, considerado o primeiro grande teste do governo. O encontro é visto no Palácio do Planalto como uma ação preventiva para evitar cobranças pelo corte de R$18 bilhões na liberação de emendas e até mesmo pela demora no loteamento político dos cargos de segundo escalão.
Até a noite de ontem, todos os líderes da base governista tinham sido convidados com exceção do líder do PDT, deputado Giovanni Queiroz (PA), que encaminhou voto contrário ao governo na votação do salário mínimo. O Palácio do Planalto decidiu que era preciso dar uma sinalização da contrariedade do governo com a postura do PDT na condução deste debate na Câmara.
- Essa será uma reunião de abraços (confraternização). Mas só foram convidados os líderes que votam 100% com o governo. O encontro com a presidente Dilma é para discutir o futuro. O que aconteceu no passado não está mais em questão - disse o líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).
Ontem, assessores palacianos justificavam a ausência do deputado Giovanni Queiroz por causa do "comportamento agressivo" do líder pedetista na votação do mínimo. No Planalto, foi lembrado que Queiroz chegou a fazer um discurso em que afirmou que a presidente Dilma estava mal aconselhada e que precisava se assessorar melhor sobre a matéria.
Deputados do PDT não esconderam a surpresa com o veto ao nome de Queiroz na reunião com Dilma. Avaliação reservada na bancada é que esse gesto pode ampliar ainda mais o clima de hostilidade entre o partido e o Planalto. Ontem à noite, Giovanni Queiroz confirmou que não havia recebido o convite e avisou que se fosse chamado ao Planalto, também não iria.
- Não fui convidado e não sei se ainda vou ser chamado para a reunião. Mas se fosse convidado, também não iria. Votei com a linha programática do PDT em relação ao salário mínimo - disse Queiroz.
Ontem, interlocutores do Planalto pediram aos líderes da base aliada para evitar na reunião de hoje qualquer tipo de constrangimento e cobrança em relação aos cargos e emendas parlamentares. O encontro é visto como uma ação preventiva, principalmente num momento em que o governo está envolvido com pautas negativas como cortes orçamentários e temas impopulares como a votação do mínimo.
A coordenação política do governo identificou que muitos líderes estão dispostos a cobrar explicações do corte nas emendas parlamentares, que gerou grande insatisfação na base.