Título: Boquinha no alto escalão
Autor: Torres, Izabelle; Braga, Ugo
Fonte: Correio Braziliense, 18/07/2009, Política, p. 6

Secretária Nacional de Esporte, indicada pelo PT, recebe quase R$ 10 mil mensais e passa três dias por semana longe do escritório na Esplanada dos Ministérios

Uma indicação do PT, mordomia e pouca presença no trabalho. Essas características são conhecidas nos corredores do Ministério do Esporte, onde não são raras as críticas à ausência constante da titular da Secretaria Nacional de Desenvolvimento de Esporte e Lazer, Rejane Penna. Estudante de mestrado em Piracicaba, interior paulista, a secretária passa cerca de três dias por semana viajando e despacha em Brasília dois dias: geralmente às segundas e sextas-feiras, de acordo com servidores do órgão.

Para aprimorar o currículo acadêmico na Universidade Metodista de Piracicaba, a secretária recebe do ministério cerca de R$ 10 mil mensais. Se fosse receber uma bolsa de estudo como aluna de mestrado, a remuneração de Rejane não passaria de R$ 1.200. Com a ajuda dos cofres públicos e com uma agenda diária ¿por telefone¿, como relataram funcionários, a secretária divide o cargo de confiança no ministério com a rotina de estudante. ¿Ela sempre participa das decisões, mas durante a semana a maior parte das discussões se dá por telefone mesmo¿, relata um subordinado da secretária.

Apesar da ausência no ministério, Rejane é presença frequente em eventos e debates, principalmente acompanhando o ministro Orlando Silva. Ela também integra o Conselho Nacional de Esporte.

Políticas

A relação da secretária com os partidos que a apoiam vem de longa data. Em 2004, ela foi candidata a vereadora no Rio Grande do Sul pelo PT, mas não se elegeu. Um ano antes, já frequentava reuniões do Conselho Nacional de Esporte como representante dos secretários de Esporte do país, função que ocupou em Porto Alegre. Em 2006, mais próxima ao PCdoB, Rejane Penna colaborou com a campanha do ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz.

Depois de várias tentativas de falar com a secretária, a reportagem encaminhou os questionamentos (veja ao lado) sobre a ausência da servidora para a assessoria do ministro Orlando Silva. Por e-mail, os funcionários informaram que o ministro garante não ter conhecimento da pouca frequência da secretária e que, ao nomeá-la, não sabia do mestrado. O curso de Rejane teve início em 2009.