Título: Obama pode adiar viagem ao Brasil
Autor: Godoy , Fernanda
Fonte: O Globo, 03/03/2011, O País, p. 5

NOVA YORK e WASHINGTON. Prevista para os dias 19 e 20 de março, a visita ao Brasil do presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, corre o risco de não acontecer. Segundo o blog The Caucus, do site do "New York Times", o atraso na votação do Orçamento no Congresso americano seria o motivo do possível adiamento da viagem. O prazo para a votação expira no dia 18, véspera da data prevista para o embarque de Obama para o Brasil. O problema é que, caso não haja acordo, o país pode viver um momento de impasse legislativo, como aconteceu em 1995, quando o então presidente Bill Clinton viveu exatamente essa mesma situação de obstrução na votação do Orçamento após haver perdido a maioria na Câmara, como ocorreu com Obama nas eleições legislativas de novembro passado.

A Casa Branca disse ontem que não houve alteração na agenda da viagem programada do presidente Obama.

- Hoje (ontem) continua tudo como está. Pode ser que daqui a um, dois dias ocorra alguma mudança, nunca se sabe. Mas a posição hoje é a de que a viagem ocorrerá na data prevista - disse uma assessora.

No Brasil, o Itamaraty diz que não foi informado do possível cancelamento.

No ano passado, Obama havia marcado viagem para a Ásia em março, adiada devido à votação da reforma da saúde. A visita foi reagendada, mas teve que ser adiada mais uma vez devido ao vazamento de petróleo no Golfo do México. O presidente finalmente embarcou rumo à Índia e à Coreia do Sul em novembro, sob críticas por estar deixando o país em meio à crise aberta com a derrota do Partido Democrata nas eleições.

Christopher Sabatini, diretor de Política da organização de negócios Council of the Americas, disse ontem temer o cancelamento e destacou a importância da viagem para marcar um novo momento nas relações dos EUA com a América do Sul. Sabatini, que trabalhou na campanha de Obama, reconhece que, nos dois primeiros anos, o governo Obama não deu a devida atenção à América Latina, e é preciso sinalizar a mudança. O fato de Obama "pôr os pés abaixo da linha do México" já será um feito, avalia ele.

- Especialmente no caso do Brasil, essa visita é o reconhecimento da necessidade de uma relação mais madura entre os dois países - disse Sabatini.

Colaborou Fernando Eichenberg