Título: Educação e investimento são entraves à expansão, de acordo com analistas
Autor: Gomes, Wagner
Fonte: O Globo, 04/03/2011, Economia, p. 23

A falta de qualidade da mão de obra e a baixa taxa de investimento (18,4% do PIB em 2010) são as principais limitações para o crescimento da economia brasileira, na avaliação de especialistas. Tais fragilidades podem deixar o Brasil para trás na competição mundial com outros emergentes como a China, onde o acesso à educação de qualidade se dá em larga escala e a taxa de investimento é mais que o dobro da brasileira: cerca de 40% do PIB.

- A grande fragilidade do Brasil é a qualidade da mão de obra. Esse é um problema que não se resolve a curto prazo. É um problema muito maior que os gargalos de infraestrutura, pois estes, ao mesmo tempo em que limitam (o crescimento) são um vetor de expansão, ao demandar mais investimentos. E precisamos aumentar a taxa de investimentos - diz Luiz Carlos Prado, professor do Instituto de Economia da UFRJ.

Ele ressalta ainda que as preocupações com a inflação também são uma limitação ao avanço econômico, pois tendem a levar o governo a reforçar medidas de aperto monetário - como a recente alta da Selic (taxa básica de juros), para 11,75% - encarecendo o crédito e, consequentemente, freando o consumo e os investimentos. Uma das formas de minimizar esse entrave, diz, é reduzir a indexação da economia.

- Ainda temos indexação em alguns serviços, principalmente os de preços administrados, como energia elétrica. Precisamos de cautela com os preços.

Na Índia, desafio é distribuir renda; na Rússia, população

A vantagem chinesa sobre o Brasil, porém, não significa que o país asiático não enfrente problemas para crescer. Apesar da inflação abaixo de 4% em 2010 - a taxa brasileira ficou em 5,91% -, Prado lembra que a China também vem adotando medidas de aperto para evitar o superaquecimento, como a elevação de compulsórios bancários. Também tem graves problemas ambientais - muitas de suas usinas são movidas a carvão - que podem limitar seu avanço.

Já a Índia, embora apresente uma alta taxa de investimento (acima de 30% do PIB), tem inflação maior que a brasileira (segundo projeção do Fundo Monetário Internacional a taxa ficou em 13% em 2010 ) e o desafio de incorporar uma grande parcela da população ao mercado consumidor, na avaliação do professor.

A Rússia, por sua vez, é muito dependente da exportação de commodities, em especial do gás, e tem vivenciado uma retração populacional.

- A população está diminuindo na Rússia, isso pode comprometer o potencial de crescimento do país.