Título: FMI: país corre risco de superaquecimento
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 04/03/2011, Economia, p. 24
BRASÍLIA. O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, alertou ontem para o risco de superaquecimento da economia brasileira. Ao sair de sua primeira visita oficial à presidente Dilma Rousseff, Strauss-Kahn afirmou:
- Disse à presidente que o risco para a economia brasileira, daqui por diante, é o de superaquecimento da economia. É chegado o momento de desacelerar o crescimento. A presidente está muito consciente dessa questão.
Strauss-Kahn elogiou as medidas adotadas pelo governo para controlar a inflação. Ele também se encontrou com o presidente do BC, Alexandre Tombini, e com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
- O risco de superaquecimento existe. Em 2010, o crescimento de 7,5% foi elevado e o governo teve que adotar medidas para tentar resfriar a economia. Do lado fiscal, a medida foi exatamente na direção certa, e o que foi feito na política monetária, também. Portanto, estamos esperando que o crescimento vá desacelerar e ficar mais em linha com um crescimento sustentado - afirmou o diretor-gerente, após almoçar com Mantega.
Para FMI, crescimento precisa ser inclusivo
Ele disse que também é preciso buscar qualidade neste processo, e que este foi um dos temas da conversa com Dilma.
- Tivemos uma discussão muito interessante sobre o fato de que o crescimento, por si só, não é o bastante, pois precisa ser de natureza inclusiva. Isso significa que precisamos, sim, ter crescimento por um lado, mas devemos utilizá-lo para combater as desigualdades e tirar as pessoas da pobreza. O exemplo brasileiro é realmente elucidativo - afirmou Strauss-Kahn, em referência a programas como o Bolsa Família.
Ontem, começou a vigorar a participação maior de países emergentes no conselho do Fundo. E mudanças neste sentido continuarão serão implementadas, afirmou o diretor-gerente do FMI:
- Com isso, o Fundo será bem diferente daquele que é conhecido pela maioria das pessoas. Estamos na versão não só FMI 2.0, mas já lançando a 3.0, uma nova instituição.
Para Strauss-Kahn, a forte valorização do real frente ao dólar é resultado de fatores como juros elevados, crescimento doméstico forte e desaquecimento no mercado internacional.