Título: Polêmica do 2º turno está de volta
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 06/03/2011, O País, p. 4

Um dos temas centrais da campanha presidencial do ano passado, que ajudou a levar as eleições para o segundo turno, a polêmica em torno da criminalização da homofobia voltou à tona com o desarquivamento do PLC 122/2006. Assim como o movimento gay acredita na sanção do PLC por Dilma Rousseff, a bancada religiosa lembra a carta-compromisso da presidente com o setor na campanha e está certa de que Dilma não o aprovará.

Vice-presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Yone Lindgren diz que o grupo confia na sanção do PLC por Dilma. A ABGLT foi o grupo que, na polêmica com evangélicos em torno do projeto na campanha, lançou uma carta aberta a Dilma e José Serra (PSDB), pedindo que eles "não maculassem suas biografias":

- Buscamos nossos direitos civis, que não têm a ver com religiões. Não queremos brigar com bancada evangélica ou nenhuma outra. Podem dizer, nos templos, que a fé deles não aprova os gays, desde que não os ridicularizem ou estigmatizem.

Fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB), Luiz Mott diz que a proposta é importante por formalizar como crime o preconceito contra gays:

- Ela faz justiça a mais de 10% da população.

Do lado evangélico, o pastor Rodrigo Delmasso (PTN), da sede da Sara Nossa Terra, diz que o setor vai se mobilizar e que fará uma conferência em abril que tratará do PLC:

- O desarquivamento desse projeto foi um retrocesso.

Dirigente nacional do PSC, o pastor Everaldo Pereira, da Assembleia de Deus, diz que, "do jeito que o projeto foi colocado, não tem como passar":

- É lamentável que, com tanta coisa importante no país, a Marta (Suplicy) já chegue com confusão. Se a presidente cumprir com o que foi tratado, vetará alguns tópicos, porque são inconstitucionais.