Título: Serra sabe que pode contar comigo
Autor:
Fonte: O Globo, 05/03/2011, O País, p. 3

Depois da ressaca do carnaval, vem aí o que considero o "terceiro turno" das eleições: para onde vai o prefeito da maior capital do país e o terceiro maior PIB nacional, Gilberto Kassab. Na verdade, até as carpas do Palácio da Alvorada sabem seu destino: o PSB do neopresidenciável governador de Pernambuco, Eduardo Campos. O que não quer dizer nada, já que o prefeito de São Paulo, na hora H, vai fazer o que Serra mandar. E vejam a ironia do destino: Serra não o queria vice da sua chapa de candidato a prefeito, por Kassab ter sido secretário da corrupta administração de ¿ que Deus o tenha em Sua guarda! ¿ Celso Pitta. Mas teve de engoli-lo, por pressão do comando do então PFL, hoje DEM. Por causa desse passado não tão honroso, Kassab teve sua vida, pública e privada, vasculhada como poucos homens público tiveram neste país. Até seus adversários reconhecem a sua virtude de político extremamente gentil e sua enorme capacidade de articulação política. Não é o fato de ser ocupante eleito do terceiro maior cargo executivo do país que o torna neste momento o político mais cobiçado do país. São exatamente a quantidade e a qualidade das pessoas que têm o futuro político pendurado na decisão que anunciará depois do dia 15. Eis a entrevista de Kassab à coluna: Para refrescar a memória: Serra que te escolheu para vice ou o comando do então PFL que impôs teu nome? GILBERTO KASSAB: Em 2004, o PSDB e o então PFL reforçaram, na eleição municipal, a aliança que já mantinham no Estado de São Paulo. Coube aos partidos indicarem seus candidatos a prefeito e vice-prefeito. E tive o privilégio de ser indicado pelo meu partido. Foi uma campanha de grande sintonia interna, o que nos levou à vitória nas urnas. Quais suas opções partidárias? KASSAB: Atualmente, faço parte do DEM. O senhor é que não gosta do Alckmin ou ele é que não gosta do senhor? KASSAB: As pessoas se esquecem de que eu o apoiei na campanha a governador em 2002, a presidente em 2006 e novamente a governador em 2010. E confundem melhor ou maior sintonia partidária com relações pessoais. Minha relação pessoal com Geraldo Alckmin é ótima. É verdade que a Dilma está empenhada pessoalmente em te tirar do DEM? KASSAB: É impossível que alguém leve a sério uma afirmação como essa. Dizem que o senhor está conversando com todo mundo. Por que e o que conversas tanto com Cabral? KASSAB: Se há algo que me enche de alegria, são os amigos que tenho no Rio de Janeiro. Entre tantos, e com receio de esquecer algum, cito Cesar Maia, Rodrigo Maia, Eduardo Paes, Márcio Fortes, Indio da Costa e também o governador Sérgio Cabral, por quem tenho grande admiração pessoal, e o vice Pezão, que é uma pessoa excepcional. Por que a Marta diz que Serra está por trás do teu projeto político? KASSAB: Eu não diria que ele está por trás de meu projeto, mas tenho certeza de que torce pelo meu sucesso. Serra sabe que pode contar comigo em qualquer circunstância. Qual o segredo para ser amigo de Serra até hoje? Ninguém conseguiu antes! KASSAB: José Serra é um dos homens públicos mais bem preparados do Brasil. Tive a honra de trabalhar com ele como vice-prefeito e, depois, como prefeito e ele, governador. Admiro sua capacidade de trabalho e competência política e administrativa. Tenho orgulho de ser seu amigo. Cite três políticos de sua geração que, no seu entender, poderão ser presidentes. KASSAB: O Brasil tem políticos jovens com grande potencial para ocuparem a cadeira de presidente. Mas candidatura a cargo majoritário, em especial o de presidente da República, não é fruto apenas da vontade pessoal. Trata-se de uma convocação dentro de uma realidade política, que requer uma identidade, uma sintonia entre o perfil e a circunstância. Chalita é um raro caso de ódio à primeira vista? KASSAB: É uma injustiça, esta afirmação. Alexandre de Moraes e Rodrigo Garcia são minhas testemunhas.