Título: Filha de Roriz deve deixar comissão
Autor: Camarott, Gerson
Fonte: O Globo, 09/03/2011, O País, p. 9
BRASÍLIA. Flagrada recebendo dinheiro para a campanha de 2006, a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) pode ser forçada a deixar a comissão de reforma política da Câmara, para a qual fora indicada. A filha do ex-governador Joaquim Roriz (PSC-DF) está sendo aconselhada a sair dos holofotes e entregar de forma espontânea a vaga, para evitar constrangimentos.
O vídeo em que Jaqueline é flagrada recebendo dinheiro do operador do mensalão do DEM, Durval Barbosa, seria o primeiro de uma nova série que compromete o grupo de Roriz. Isso deve aprofundar o isolamento político não só da deputada, mas também do ex-governador. Tanto na Câmara dos Deputados como na Distrital não há mobilização pela defesa de Jaqueline.
Aliados de Joaquim Roriz foram alertados durante o carnaval de que há mais vídeos e provas da participação de integrantes do grupo político. Por isso, a estratégia do grupo será evitar uma defesa mais enfática. A ordem é aguardar para evitar contradições numa reação antecipada. Aliados de Roriz foram advertidos de que um arsenal foi produzido contra o grupo, com a mesma tecnologia que atingiu o ex-governador José Roberto Arruda, em 2009, no episódio que culminou com sua renúncia.
A possibilidade de outras gravações gerou novo ambiente de pânico na política de Brasília. O que mais intriga o grupo de Roriz é o fato de o vídeo ter demorado a ser divulgado. Cresce a convicção de que esse arsenal estaria em poder do grupo Arruda e foi vazado agora por dois motivos: vingança e para levar o caso ao Supremo Tribunal Federal, já que Jaqueline tem foro privilegiado. Arruda tenta há algum tempo negociar delação premiada com o Ministério Público.
De forma reservada, Roriz tem demonstrado preocupação com o surgimento de novos vídeos. Durante a campanha eleitoral do ano passado, ele chegava a classificar de "vergonhoso" o escândalo do mensalão do DEM. Agora, a nova safra de vídeos é vista como uma espécie de "pá de cal" no ex-governador, que no ano passado foi impedido pela Justiça Eleitoral de concorrer ao governo do Distrito Federal, com base na Lei da Ficha Limpa.