Título: Jaqueline Roriz deverá ser investigada no STF
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 11/03/2011, O País, p. 9

BRASÍLIA. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ontem que o Supremo Tribunal Federal (STF) abra inquérito para apurar o suposto envolvimento da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) com distribuição de propina nas administrações dos ex-governadores do Distrito Federal Joaquim Roriz e José Roberto Arruda. No despacho, o procurador pede que a deputada seja intimada para depor sobre o caso. Jaqueline foi flagrada recebendo dinheiro do ex-secretário de Assuntos Institucionais do DF Durval Barbosa, o delator do mensalão do DEM.

O pedido terá como relator o ministro Joaquim Barbosa, que decidirá se os indícios são suficientes para que a Polícia Federal investigue os vínculos entre Jaqueline e a partilha de propina. O procurador-geral estava há quase um mês com o vídeo em que Jaqueline aparece recebendo dinheiro de Barbosa. Numa nota distribuída à imprensa, o procurador informa sobre o pedido, mas não explica a demora para solicitar a investigação formal das denúncias.

No pedido enviado ao STF, Gurgel solicita à PF a perícia das imagens. Na gravação, feita na campanha eleitoral de 2006, Jaqueline e o marido, Manoel Neto, aparecem recebendo um pacote de dinheiro de Durval. Manoel esconde o dinheiro numa mochila preta. Jaqueline, insatisfeita com a quantia recebida, pede que Barbosa interceda a seu favor junto a outros colegas de governo. Na época, o ex-secretário era o presidente da Codeplan (Companhia de Planejamento do Distrito Federal). A partir dali, Barbosa controlava boa parte da arrecadação de distribuição de propina a aliados do governo.

O vídeo faz parte de uma coleção de mais de 40 filmes com cenas de coleta e distribuição de propina. As primeiras denúncias, tornadas públicas em novembro de 2009 na Operação Caixa de Pandora, derrubaram Arruda e o levaram à prisão.

A pressão pelo julgamento da deputada Jaqueline Roriz cresceu ontem na Câmara. A OAB do DF defendeu a cassação de Jaqueline, enquanto o PSOL formalizou a denúncia contra ela, pedindo que a Câmara investigue a parlamentar. Além disso, foram apresentadas propostas mudando o texto do Código de Ética para permitir que a deputada seja julgada por fato anterior ao mandato, entendimento vigente.

Depois de se reunir com o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), o presidente da OAB/DF, Francisco Caputo, disse que a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) deve ser julgada pelo Conselho de Ética. A avaliação, compartilhada pelo presidente Marco Maia, é que o fato deve ser investigação, mesmo ocorrido em 2006, antes de ela se tornar deputada federal. A explicação: somente agora depois da eleição de outubro, os fatos se tornaram públicos.