Título: Polícia saudita abre fogo contra manifestantes
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Fonte: O Globo, 11/03/2011, O Mundo, p. 28

RIAD. No que parece uma tentativa desesperada de evitar que a onda de revoltas no mundo árabe chegue ao maior país produtor de petróleo no mundo, as forças de segurança sauditas dispararam ontem contra centenas de manifestantes xiitas no leste do país. Apesar de uma proibição do governo, os manifestantes saíram às ruas de Qatif ¿ de maioria xiita ¿ pedindo a libertação de presos políticos, mas foram dispersados pela polícia com a ajuda de bombas de efeito moral e tiros, segundo testemunhas. Ao menos três pessoas ficaram feridas. Muitos dos manifestantes marchavam usando máscaras para não serem reconhecidos. Novos protestos, desta vez por reformas democráticas, estão marcados para hoje em diversas cidades da Arábia Saudita, inclusive na capital. Algumas das 30 mil pessoas que aderiram à página do Facebook sobre as manifestações afirmam temer uma resposta ainda mais violenta por parte do governo do rei Abdullah ¿ que no mês passado anunciou um aumento de ajudas sociais para tentar evitar movimentos semelhantes aos do Egito e da Tunísia.

No Iêmen, oposição rejeita oferta do presidente No Iêmen, sob pressão após um mês e meio de manifestações quase diárias pela sua renúncia, o ditador Ali Abdallah Saleh prometeu um referendo ainda este ano para estabelecer uma nova Constituição no país. A medida foi rapidamente rejeitada pela oposição, para quem a oferta chegou tarde demais. Na semana passada, Saleh ¿ há 32 anos no poder ¿ havia rejeitado um plano de saída apresentado pelos opositores.

A proposta do presidente foi anunciada num estádio de Sanaa para milhares de simpatizantes. Segundo Saleh, a nova Constituição estabeleceria "claramente a separação dos poderes". Ele também afirmou que um governo de união nacional deveria ser formado para preparar uma nova lei eleitoral. Mas após o discurso, milhares de iemenitas voltaram às ruas de Sanaa para pedir sua renúncia. Angola reprime ativistas antes de passeatas Por sua vez, o governo angolano vem reprimindo ativistas que planejam protestos contra o presidente Eduardo dos Santos. Segundo a organização Human Rights Watch, temendo os efeitos das revoltas populares no Norte da África, Santos, no poder há 32 anos, afirmou que qualquer pessoa que participasse dos protestos marcados na semana passada seria punida por incitação à violência e tentativa de mergulhar o país numa nova guerra civil.

O resultado das ameaças parece ter surtido efeito, já que as grandes manifestações previstas não ocorreram. No final de semana, no entanto, moradores da capital assistiram a uma série de marchas patrióticas impulsionadas pelo governo angolano.